Foto: MARIA - Movimento de Amigos da Ria de Aveiro

Segundo o MARIA – Movimento de Amigos da Ria de Aveiro – uma quantidade indeterminada de dejetos humanos de origem desconhecida esteve, no dia 6 de janeiro, a ser lançada no Canal de Mira da Ria de Aveiro, na margem da Gafanha da Encarnação, através de uma saída da rede de drenagem de águas pluviais.

Em comunicado, o “Movimento de Amigos da Ria de Aveiro considera que o lançamento de dejetos poluentes nas águas da Ria, seja qual for a sua natureza e justificação, é inaceitável, tal como é inadmissível a desresponsabilização das autoridades fiscalizadoras que, provavelmente, por falta de meios adequados, vão fechando os olhos a este tipo de situações”.

De acordo com a recém-constituída associação sem fins lucrativos, que participou da situação ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR, “os elementos da GNR ter-se-ão limitado a registar a ocorrência sem qualquer recolha de amostras para análise, tendo apenas levantado umas tampas de saneamento ou águas pluviais a montante do local onde esteve a ser feita a descarga poluente e adiantando aos participantes a possibilidade de se tratar de ‘uma descarga legalmente possível’ uma vez que, ainda segundo os mesmos militares, basta à AdRA – Águas da Ria de Aveiro – reportar uma avaria para que quaisquer descargas poluentes sejam legais.

A AdRA, concessionária das redes de água e saneamento, desmentiu que tenha feito qualquer descarga de efluentes para a Ria de Aveiro. “A descarga não se deve a nenhuma avaria numa das nossas estações elevatórias. Também detetámos a descarga e reportámos o sucedido à Agência Portuguesa de Ambiente”, esclarece a empresa. A AdRA assegura ainda estar disponível, e continuar “desde o início a colaborar com as autoridades, para tentar detetar a origem da descarga”.

Em declarações ao JN, produtores de ostras da Gafanha da Encarnação queixam-se que as descargas poluentes, que se têm vindo a “intensificar nos últimos anos”, estão a matar as ostras, representando centenas de milhares de euros de prejuízos. “Sempre que há picos de chuva e as estações elevatórias situadas entre Cochadas e Cantanhede, e a estação de tratamento de Ílhavo, fazem descargas, a mortalidade dispara”, lamenta António Sá Martins. Outro mariscador, Paulo Graça, afirma mesmo que “há descargas ilegais de efluentes domésticos das estações para a ria e ninguém faz nada”.

A situação mereceu um pedido de esclarecimento ao ministro Ambiente e da Ação Climática por parte dos deputados do PS eleitos pelo círculo de Aveiro. Em missiva enviada ao ministro, os socialistas lembram a importância ambiental da Ria de Aveiro, “incompatível com qualquer tipo de complacência com atividades poluidoras” e questionam se tem o Ministério do Ambiente conhecimento da existência de descargas e que ações têm sido desenvolvidas para as reprimir.

No caso de a descarga em causa ser ilegal, os deputados querem saber “se estão a ser tomadas medidas no sentido da investigação, responsabilização e eventual sancionamento e se existem meios para monitorizar adequadamente a qualidade ambiental das águas da Ria”.

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