Começaram ontem, com casa cheia, as XII Jornadas de Enoturismo, que decorrem no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro. Ao longo de dois dias de programação, esta iniciativa anual promove a reflexão e o debate sobre o enoturismo no Centro de Portugal, incentivando a troca de ideias e experiências entre participantes e especialistas do setor.
O evento é organizado pelas regiões vitivinícolas do Centro de Portugal – Bairrada, Dão, Beira Interior, Lisboa e Tejo, com o apoio da Turismo Centro de Portugal (TCP), da Aveiro 2024 – Capital Portuguesa da Cultura, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) e da Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra.
O primeiro painel de discussão, sob o tema ‘Enoturismo: Percurso e Perspetivas’ foi moderado por Carlos Martins, consultor em economia criativa e turismo, e teve como intervenientes Adriana Rodrigues e Sílvia Ribau, da TCP, e José Pedro Soares, da CV da Bairrada.
Para lançar a discussão, Adriana Rodrigues, Diretora do Núcleo de Comunicação, Imagem e Relações Públicas da TCP, desafiou toda a assistência a participar numa análise interativa em tempo real sobre a realidade do enoturismo na região. O exercício avaliou as principais forças, fraquezas, oportunidades e ameaças deste produto turístico, bem como a perceção sobre o vinho e o enoturismo de cada uma das cinco comissões vitivinícolas e a imagem geral do enoturismo regional.
Na questão ‘Qual o maior desafio ao desenvolvimento do enoturismo no Centro de Portugal’, os participantes destacaram a «articulação entre os diversos atores» e a «mudança das preferências do consumidor». Já quanto aos pontos fortes do enoturismo na região, os mais referidos foram «diversidade», «autenticidade», «paisagem», «qualidade» e «gastronomia», sendo os pontos fracos a «comunicação», a «promoção» e o «investimento».
«Concorrência» e «alterações climáticas» foram as principais ameaças identificadas pela assistência, enquanto «inteligência artificial», «diversidade» e «localização» foram as oportunidades mais referidas. A terminar, a questão ‘que imagem tem o enoturismo na região’ recebeu como respostas preferenciais a «diversidade» e o «potencial».
Na sua intervenção, Sílvia Ribau, Diretora do Núcleo de Estruturação, Planeamento e Promoção Turística da TCP, realçou a evolução das Jornadas desde 2011. «No início, os programas consistiam em conhecermos a oferta turística e convidarmos pessoas de fora da região, para apresentarem as boas práticas neste setor, numa aprendizagem sobre o que estava a acontecer noutras regiões. Atualmente, as Jornadas de Enoturismo realizam workshops, fazem ações de sensibilização e conversam sobre os desafios da sustentabilidade e outros. A evolução é notória», considerou.
Sílvia Ribau refletiu ainda sobre a importância de «aliar o que é improvável» para atrair mais visitantes à oferta de enoturismo. «Numa das edições anteriores, uma interlocutora de outro país deu-nos a conhecer um evento que tinha atraído muitas pessoas às suas quintas e vinhas: um concerto de música clássica. Penso que é fundamental, para atrair pessoas, a realização de atividades e de eventos que possam dinamizar as quintas e os territórios com vinhos. Aliar o que é improvável, juntar a animação à paisagem, funciona e é marcante», acrescentou.
O segundo painel do dia, dedicado ao tema ‘A Arte do Storytelling’, teve a participação de Nuno Madeira, gestor do produto Enoturismo do Turismo de Portugal, Elaine de Oliveira, sommelier e jornalista, e Cláudia Camacho, perfumista.
Hoje, segundo e último dia das Jornadas, terão lugar mais três painéis, sobre ‘A Criação de uma Experiência Memorável’, ‘Da Mesa à Descoberta – O Papel dos Sommeliers’ e ‘Os Desafios do Setor: Autêntico, Inteligente e Sustentável’. O programa inclui ainda workshops e visitas a quintas e adegas da Bairrada, proporcionando aos participantes uma imersão nas experiências enoturísticas da região.