Como era já esperado, a maioria parlamentar aprovou, na generalidade, a proposta socialista de Orçamento Geral do Estado (OE) para 2019. Com os votos a favor de Os Verdes, PCP, BE e PS, abstenção do PAN e votos contra do PSD e CDS, o documento norteador da política económica, social e redistributiva do país, entra agora na fase da discussão na especialidade, o que levará a inúmeras sugestões de alteração. Atendendo ao desenho parlamentar atual – a existência de um governo minoritário que sobrevive por ter o apoio de deputados de três partidos para além do partido do governo – é natural que muitas destas sugestões sejam atendidas pelos ministros, já que, de outra forma, este apoio poderia levar a algum sentimento de deslealdade.

Sendo o último OE da legislatura, todos as forças políticas que servem de esteio ao executivo sabem que deitariam muito a perder se, daqui até à votação final global, alterassem o seu sentido de voto. A normalidade democrática e a estabilidade social e política são muitos apreciadas pelo eleitorado, pelo que qualquer desvio a esta circunstância viria a ser fortemente penalizado pelos eleitores. Ainda que as concessões de parte a parte que serviram para a construção deste orçamento nem sempre sejam fáceis de aceitar, em particular em relação às forças políticas que sempre se habituaram a criticar e raramente a aprovar, a realidade tem demonstrado que o preço a pagar por uma crise política seria imensurável.

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