No passado dia 9 de outubro, mema. lançou o seu novo EP, A Cidade do Sal. Com uma sonoridade muito distinta, mas que ao mesmo tempo soa a algo familiar, fomos falar com a Sofia Marques, que nos contou um pouco a história do seu “alter-ego libertador” e sobre o seu novo trabalho.
Podes falar-me um pouco sobre a mema.?
O nome mema. surgiu em 2016 quando vivia em Berlim. Fazia parte de um colectivo de produtores, reuníamos todas as semanas e tínhamos pequenos 1min beat challenges, que apresentávamos regularmente uns aos outros e em compilações no SoundCloud. Precisava de um nome para assinar os beats e surgiu mema.. Só mais tarde, em 2018, se assumiu como projeto a solo. mema. tornou-se numa afirmação do eu, num alter-ego libertador, que reflete bem o que a minha música é. Este fundir da electrónica com o tradicional acaba por ser essa afirmação, o juntar de várias experiências, tal como as camadas que formam a identidade de um ser humano. Lancei o primeiro single “O Devedor” o ano passado, saíram mais dois este ano “Perdi o Norte” e “Outro Lado” e agora fecho esse ciclo com o EP Cidade de Sal, que saiu dia 9 de outubro.
Soube que estiveste no Festival Lusófona, em Praga, no dia 02/10. Podes-me falar um pouco sobre isso?
O concerto em Praga veio através do Outonalidades da associação D’Orfeu. Fui selecionada no início do ano para a bolsa Outonalidades, que há todos os anos, e promove a mobilidade de concertos em Portugal e fora também. Em abril contactaram-me para este concerto no festival Lusófona, que é organizado pelo Instituto Camões dessa cidade. Acontece todos os anos para promover a língua e a cultura lusófona, decorre durante 3 dias e conta com vários artistas e atividades. Foi o meu primeiro concerto fora enquanto mema.. Espero que o primeiro de muitos! Dia 9 atuei live no canal YouTube da Fnac, para assinalar o lançamento do Cidade de Sal logo que saiu. Entretanto, estamos já a preparar datas para 2021.
Qual é o estilo e o conceito deste teu novo EP e quais são as expectativas?
A Cidade de Sal é um EP que procura reaproximar-se das origens. É uma desconstrução do folk e a sua fusão com a eletrónica indie e a pop. O conceito foi exatamente pegar em elementos da música tradicional portuguesa, incluindo instrumentos como o adufe, a gaita de foles que se toca no Minho, a flauta e outros, e introduzi-los numa linguagem mais contemporânea. Tem também presente em dois temas a guitarra portuguesa, embora a ideia inicial tivesse sido usar a chamada viola beiroa. Queria usar sonoridades das Beiras. No fundo, o Cidade de Sal foi um exercício de redescoberta do meu berço e de mim própria. E como disse antes, é um fechar de ciclo para mim. É um trabalho que tenho guardado já desde maio do ano passado. Tinha mesmo muita vontade de o partilhar. Foi o meu regresso às origens, regresso a Portugal, regresso a mim, regresso à música e ao que me faz feliz. Um destilar de emoções. Agora é deixá-las voar e começar a criar algo novo. Estou já a compor aquele que será o meu álbum de estreia. Com muita expectativa para o futuro.