Ex.mos Candidatos autarcas,
Ex.mos co-cidadãos
Ílhavo tem muita sorte.
Não precisamos de enumerar o que a natureza nos ofereceu, ou o que os nossos antepassados fizeram dela, nesta “indecisão entre a terra e o mar”.
Com mais ou menos inquietações discutimos a Costa Nova, a praia, a ria. Mas temos mais dificuldade em reconhecer o património que nos calhou da Mata Nacional das Dunas da Gafanha e Colónia Agrícola.
E que sorte é ter esta estrutura ecológica, que já não bastaria existir, como ainda é o coração do concelho. Liga todas as freguesias, e, portanto, é indiscutivelmente de todos. Assim como a ria, é uma espécie de cola, que nos mantém em contacto.
A primeira intenção desta carta é promover o reconhecimento de todos deste património ecológico.
A segunda, motivar todos os candidatos autárquicos, quer ganhem, quer fiquem na oposição, a moverem-se em sua defesa.
Já que temos a sorte de a termos, é nossa responsabilidade garantir que as gerações futuras também a tenham e, de preferência, com mais qualidade.
Não será difícil compreender a importância das estruturas ecológicas para a qualidade de vida das cidades, com impacto directo na qualidade do ar, dos solos, dos ecossistemas. Mas, hoje, são estes os valores fundamentais também na competitividade entre cidades. Os paradigmas de desenvolvimento são outros. Até os fundos europeus o sabem.
Vamos fazer da Mata, o nosso parque. O nosso parque natural.
Há muitos exemplos a seguir. Dos históricos como Monsanto, aos mais recentes como “As serras do Porto” (serrasdoporto.pt). Talvez nenhum seja o exemplo perfeito, e seja necessário encontrar o nosso.
É necessário cadastrar e planear. Planear a reflorestar de acordo com boas práticas que permitam criar uma floresta resiliente aos incêndios e que promovam a diversidade ecológica do local.
É necessário hierarquizar circuitos de utilização nas suas diferentes perspectivas: económicas, as de mobilidade, as de exploração, as de fruição e outros que ainda não se adivinham.
Não é intenção desta carta apresentar certezas, mas a de criar uma consciência colectiva do território que nos pertence.
Esta é oportunidade que temos de agarrar.
Sabe-se que a gestão territorial não é fácil, nem exclusivamente autárquica. Sabe-se que é frequentemente conflituante. Mas é possível definir objetivos claros, em processos de participação, que permitam que todos se revejam.
Estamos em campanha eleitoral. O momento mais feliz de qualquer concelho.
É o momento de ouvirmos os programas eleitorais e de os discutirmos.
Podemos fazer da Mata uma causa de todos? De todos sem excepção: da Gafanha da Nazaré, do Carmo, da Encarnação, de São salvador. Dos adultos, dos idosos e das crianças. Dos proprietários, das indústrias, dos agricultores. Dos habitantes e dos visitantes. Dos portugueses e dos estrangeiros. Mesmo de todos.
E este é um apelo ao consenso, um consenso por uma causa.
Antes da forma, discutamos conteúdos, na certeza, que se tivermos uma causa que nos una certamente teremos o poder de a concretizar. Assim nós queiramos.
Ílhavo tem muita sorte, façamos por a merecer.

Por Sofia Senos

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