O Festival Rádio Faneca regressou aos seus moldes sem restrições e animou o centro de Ílhavo no passado fim-de-semana, entre os dias 9 e 12 de junho.
O calor diurno, que acabou por dar lugar a algum vento noturno, foi convidativo para milhares de pessoas, de todas as idades, passarem pela cidade e participarem num evento que está cada vez mais inserido no calendário nacional de festivais urbanos de pequena e média dimensão.
As emissões de rádio, que aconteceram todos os dias entre as 10 e as 20 horas, incluíram os obrigatórios discos pedidos, uma rádio-novela pelo Quinto Palco e conversas, entre as quais com João Aníbal Ramalheira a recordar os tempos das cabines de rádio, que são a génese deste festival. Nesse âmbito, o jornal “O Ilhavense” também esteve presente para falar dos seus 100 anos de existência, num painel que contou com a diretora Maria Helena Malaquias, o sócio-gerente David Calão e o locutor, da Rádio Terra Nova, Carlos Teixeira.
Becos, vielas e o Quintal dos Vizinhos atraíram público para concertos mais intimistas de, por exemplo, Equinócio, Aníbal Zola, Bia Maria, Galo Cant’Às Duas e Moses Christopher.
Os finais de tarde e as noites, mais centrais, com palcos na área da Casa da Cultura e no Jardim Henriqueta Maia foram animadas com a energia cativante de Marta Ren com Funk You Brass Band, os sons africanos de Fogo Fogo, o quotidiano cantado por Éme e Moxila, as interpretações musicais de poemas por Lavoisier, a amizade de Rita Redshoes, o atrevimento de Sal, o fado empolgado pelo rock de Expresso Transatlântico ou o manifesto tresloucado de Criatura.
A programação musical foi ainda fechada com os dj-sets de Samuel Úria & Bunny O’Williams, Brandos Costumes e Jero, três prestações que reuniram à volta do Palco Carlos Paião largas dezenas de festivaleiros que dançaram e conversaram até ao último minuto.
Em substituição do projeto “Casa Aberta”, desta vez realizou-se a iniciativa “Vem pelo Jardim”, em que cerca de dez conterrâneos abriram as suas habitações para os participantes visitarem os seus pátios e quintais, e ouvirem as suas histórias.
As crianças tiveram também o seu espaço de diversão na Oficina do Brincar e com os “Jogos do Hélder”.
Destaque ainda para o cine-concerto “Heróis do Mar”, um filme de Fernando Garcia, lançado em 1949, que é considerado o primeiro filme de ficção nacional com narrativa na pesca do bacalhau. Sem banda-sonora, a única película foi digitalizada e restaurada pela Cinemateca-ANIM, com apoio da Câmara Municipal, sendo agora apresentada com música original de Henrique Portovedo e João Martins e uma dobragem interpretativa ao vivo dirigida por Alexandre Sampaio. O espetáculo contou com a participação da Orquestra Filarmónica Gafanhense e da comunidade.
Em entrevista à Rádio Faneca, o presidente da Câmara, João Campolargo, mostrou-se agradado com a organização, com a adesão do público e com os aspetos positivos para o comércio local.