Uma equipa de alunos de doutoramento da Universidade de Aveiro (UA) e investigadores do Instituto de Telecomunicações (IT) propôs a criação de um uniforme militar que consegue gerar, armazenar e transferir energia. O projeto intitula-se ‘S.C.O.U.T.E. – Sistema de Conexão e Otimização de Uniformes para Transferência de Energia’ e venceu o ‘Prémio de Inovação nas Forças Armadas 2023’. O prémio foi entregue dia 27 de outubro, no Instituto Universitário Militar, numa cerimónia presidida pela ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, e que contou também com o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, general José Nunes da Fonseca.

O prémio, instituído pelo Estado-Maior-General das Forças Armadas, tem como objetivo incentivar a inovação e o desenvolvimento de soluções que possam beneficiar as Forças Armadas. E foi a pensar nisso que o grupo da UA propôs a criação de um uniforme que utiliza materiais condutores flexíveis integrados no tecido para formar antenas, que permitem a transferência de energia e dados entre militares. Adicionalmente, o projeto propõe o uso de carregadores de energia por indução em certas áreas do uniforme e a utilização de energia derivada do ambiente ou do movimento do militar.

Na prática, o uniforme estará equipado com várias tecnologias que permitem gerar energia através de fontes solares e mecânicas (como piezoeletricidade). A energia gerada será depois armazenada e poderá ser transferida sem fios para outros militares, criando uma rede de distribuição de energia e dados. O uniforme também poderá aproveitar a energia do ambiente ou do movimento do militar.

A equipa vencedora inclui os alunos do Programa Doutoral em Engenharia Eletrotécnica (PDELE), Henrique Chaves, Paulo Capitão e Ricardo A. M. Pereira, o professor do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI) e investigador no IT, Nuno Borges de Carvalho, e ainda um membro da Força Aérea Portuguesa, Andreia Fernandes, que «proporcionou insights valiosos sobre as necessidades reais dos soldados em campo, garantindo que a proposta/projeto fosse prática e relevante», explicou Henrique Chaves em nome do grupo vencedor, acrescentando: «Além disso, um membro com experiência militar contribui com conhecimento sobre os desafios operacionais e logísticos enfrentados pelas Forças Armadas».

Vencer esta competição representa «um reconhecimento significativo do trabalho e inovação da equipa». «Significa que a solução proposta tem potencial para transformar a forma como os militares operam no terreno, tornando-os mais autónomos em termos energéticos e melhorando a eficiência das missões. Desta forma, valoriza o conhecimento e experiência associado à Universidade e ao Instituto de Telecomunicações nas áreas em questão (transmissão de energia sem fios e comunicações rádio)», frisaram os elementos do grupo.

O tema do concurso deste ano foi ‘Energia para o Soldado’, e o júri focou-se em propostas de soluções de geração de energia para equipamento de soldado. Assim, «a equipa viu uma oportunidade de apresentar uma solução inovadora que poderia melhorar significativamente a eficiência energética dos uniformes militares e, assim, contribuir para o bem-estar e eficácia dos soldados em campo», acrescentaram.

Para o futuro o grupo tem como objetivo criar um protótipo deste uniforme militar, bem como «solidificar o trabalho desenvolvido na área da Transmissão de Energia Sem fios com a oportunidade de implementar um sistema completo e agrupar tecnologias inovadoras».

O prémio, no valor de dois mil euros, vai ser entregue numa cerimónia durante o Encontro Anual de Investigação e Desenvolvimento em Ciências Militares, no Instituto Universitário Militar, no dia 27 de outubro. Na cerimónia a equipa da UA vai apresentar o ‘Projeto S.C.O.U.T.E.’ a todos os presentes.