Uma delegação da Comissão Concelhia de Ílhavo do PCP deslocou-se à Gafanha da Nazaré no passado sábado, com o objetivo de observar alguns problemas que haviam sido identificados, de contatar a população local e procurar soluções que a sirvam.

A visita iniciou-se no cruzamento entre as ruas Gil Vicente, de Damão e Trindade Coelho, onde existe uma zona com ecopontos em que, segundo os residentes, é costume a recolha ser demorada e o lixo acumular-se, algo que é semelhante a outros exemplos conhecidos no município. Nesse local, existem também dois bancos solitários, «no que parece ser uma pobre tentativa de criar uma zona de lazer, mas que, na verdade, apenas evidencia a falta de preocupação de sucessivos executivos camarários em providenciar espaços de recreação, descanso e convívio para as populações, algo que na Gafanha da Nazaré se concentra em apenas alguns pontos», pode ler-se em comunicado.

Foi também mencionado que na Rua Gil Vicente é comum existirem veículos que circulam a velocidades acima do limite, naquilo que é uma rua ladeada por residências, o que coloca os habitantes em risco.

O segundo ponto da visita da delegação do PCP recaiu na Rua Padre Américo, junto à Escola Básica da Marinha Velha. «Aqui, uma rua de dois sentidos, com passeios descontínuos e sem espaço para estacionamento, os pais levam as crianças à escola pelo meio da estrada, já que os carros são forçados a estacionar encostados às residências e muros envolventes, gerando uma situação de risco para crianças e adultos», informa o partido em comunicado, lembrando que «entretanto, fomos informados que na segunda-feira foi iniciada uma intervenção na rua, à qual estaremos atentos, de modo a certificar-nos que esta irá garantir a criação de condições para peões e veículos circularem».

«O desleixe com os passeios e infraestruturas de mobilidade suave no município é apanágio dos executivos camarários ilhavenses, onde mesmo as obras novas são feitas com graves falhas na garantia dessa mobilidade», acusa o PCP.

«Na mesma rua, no cruzamento com a Rua S. Francisco Xavier, existem uns semáforos desligados há cerca de um mês, naquele que é um ponto com fraca visibilidade e onde os veículos são forçados a ir até meio da estrada para se certificarem de que podem prosseguir a marcha», adianta o comunicado.

Por fim, a delegação do PCP deslocou-se à Rua Dom Manuel Trindade Salgueiro, para observar um destes exemplos onde as obras são feitas, mas sem garantias da sua qualidade. «Nesta rua, existe uma ciclovia que é ao mesmo tempo passeio para peões, não garantindo a segurança da mobilidade de nenhuns, pois é um espaço relativamente estreito. Como pudemos observar, a alternativa para os ciclistas é, muitas das vezes, passar para a estrada para contornar os peões. Para além disso, não garante a saída em segurança dos residentes adjacentes, que correm o risco de choque com os velocípedes em circulação. Visível também era a falta de manutenção do pavimento», alerta ainda o PCP.

A Comissão Concelhia de Ílhavo do PCP alertou ainda para «a séria lacuna na cobertura de transportes públicos».

«Este executivo que foi eleito sob o lema “Unir Para Fazer”, e que revelava no seu programa que acreditavam na “dotação do município de uma rede de transportes públicos sustentáveis, que estejam integrados com soluções privadas de transportes, tal como a bicicleta ou a trotineta”, algo que acreditavam ser “decisivo para tornar o Concelho mais atrativo, mais coeso e com maior justiça social”. Acrescentavam também que “atualmente não dispor de viatura própria é um fator segregador”. Pois, passados 2 anos de executivo camarário, pouco ou nada foi feito no sentido de criar essas prometidas condições e alterar o paradigma segregador que se mantém», acusa o PCP em comunicado.

«O PCP acredita de facto que é necessário dinamizar o município, os seus espaços públicos e o comércio local, e que isso só pode ser feito com uma séria aposta nos acessos pedonais e cicláveis, aliados a uma rede de transportes públicos que permite aos munícipes deslocarem-se para onde necessitam. É necessário garantir que as obras novas que são feitas, previna a criação de obstáculos físicos, como estreiteza de passeios, fraca acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida, piso degradado, entre outros», conclui, sugerindo que «é necessário alterar o paradigma da mobilidade no Município de Ílhavo, criando uma visão estratégica coerente, acompanhada de uma vontade política de a executar. E isso é algo que não vemos no Município».