Este fim-de-semana, o 23 Milhas apresenta dois espetáculos de dança, sexta-feira e sábado, na Gafanha de Nazaré e em Ílhavo.
A ‘Coleção do Meu Pai’ é o novo ciclo de criação da coreógrafa e intérprete Cláudia Dias, desenhado para durar dez anos divididos em cinco peças, a partir da coleção de obras de autores neorealistas do seu pai. O primeiro capítulo desse ciclo chama-se ‘Uma tremenda caminhada’ e desenvolveu-se a partir de um dos livros neorrealistas da coleção de Anselmo Dias, pai da criadora: ‘A Selva’, de Ferreira de Castro. A frase «uma tremenda caminhada dos deserdados ao longo dos séculos», que pode ler-se no prefácio da obra, foi o ponto de partida para a construção deste espetáculo que se centra nos temas do trabalho escravo, da emigração, da exploração, do colonialismo, a partir da experiência de duas intérpretes oriundas do Brasil, fazendo o cruzamento entre a história individual e a história coletiva. A música original é de Afonso Dorido (Homem em Catarse), Graça Carvalho e Ruca Lacerda. ‘Uma tremenda caminhada’ foi considerado um dos dez melhores espetáculos de dança de 2023 pelo jornal Público. Pode ser visto na sexta-feira, dia 16, a partir das 21:30 horas, na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré.
No sábado, dia 17, à mesma hora, na Casa da Cultura de Ílhavo, a coreógrafa Catarina Miranda e a Materiais Diversos apresentam ‘CABRAQIMERA’, um espetáculo de dança para quatro intérpretes que usam patins como extensão dos seus corpos bailarinos. O espetáculo explora a dimensão plástica e hipnótica do gesto, mas também o que acontece quando se combina de forma não aleatória coreografia, luz, velocidade, corpo e música. Surge da vontade da criadora de criar uma peça de dança que criasse risco e desconforto aos corpos que a habitassem. Os patins funcionam como próteses nos pés dos intérpretes, enquanto elementos que condicionam o seu movimento e criam a possibilidade de uma nova linguagem coreográfica e de uma nova leitura dos seus próprios corpos no palco e no mundo. ‘CABRAQIMERA’ porque, segundo Catarina Miranda, «somos todos quimeras e fruto da dimensão histórica e política do passado, da experiência do presente e do assombramento e entusiasmo perante o futuro».