A 20.ª edição dos Festivais de Outono, que começa a 20 de outubro e termina a 30 de novembro, vai ser uma edição muito especial. Para além de assinalar a 20.ª edição, coincide com Aveiro Capital Portuguesa Cultura 2024 e marca os 50 anos de Abril e da Universidade de Aveiro (UA). Em 2024, completam-se 200 anos da 9.ª Sinfonia de Beethoven, considerada uma das grandes obras-primas de Ludwig van Beethoven, que vai ser interpretada no concerto de encerramento dos Festivais.
A evocação da Voz, tema da primeira edição e que retorna em 2024, começa logo no concerto de abertura, Gala Lírica, com o tenor Carlos Guilherme, a soprano Isabel Alcobia (também professora da UA) e a Orquestra Filarmonia das Beiras, sob direção do maestro Pablo Urbina. Ao longo desta Gala Lírica, os intérpretes conduzem quem os ouve, com as suas vozes e através de paisagens e diferentes culturas musicais, às composições de raiz espanhola e tradição italiana.
A homenagem à Voz inspira todo o programa desta edição dos Festivais de Outono, iniciativa promovida pela Universidade de Aveiro (UA). Da abertura ao encerramento, a 30 de novembro, data do concerto onde se interpretará a 9.ª Sinfonia de Beethoven, ‘Coral’, assinalando-se 200 anos desta que é a sinfonia mais marcante da História da música, raras vezes interpretada ao vivo, dada a dimensão dos recursos (coro e orquestra) necessária para a interpretar. Neste concerto, à Orquestra Filarmonia das Beiras juntam-se a Orquestra e o Coro do Departamento de Comunicação e Arte (DeCA) da UA, sob a direção do maestro convidado Luís Carvalho (professor da UA). A composição incorpora parte do poema ‘An die Freude’ (‘À Alegria’), ode escrita por Friedrich Schiller. Poder-se-ia afirmar que esta é música de encher o coração, que expressa os ideais de liberdade, paz e solidariedade, escolhida para simbolizar a União Europeia.
O programa procura ainda transmitir uma ideia da presença pedagógica da UA no panorama lírico português, dado que um dos critérios na sua origem é a promoção de talentos da UA (classes docente e discente), quer ao nível da performance (vocal e instrumental), quer ao nível da composição.
A vertente pedagógica dos Festivais reflete-se, por exemplo, na rubrica ‘Presente(em)mente)’, na sua quarta edição no âmbito dos Festivais de Outono. A rubrica tem como objetivo divulgar e promover obras de estudantes de composição do DeCA da UA. Neste concerto, a 12 de novembro, às 21:30 horas, no auditório do DeCA, serão apresentadas, em estreia absoluta, obras de Alberto Hortigüela, João Pedro Monteiro da Silva, Henrique Siracusa Pires, Pedro Mateus e João Pedro Coimbra, pelo ‘Ensemble Momentum UA’. Desde a primeira edição desta rúbrica que a direção artística do Ensemble e a curadoria do concerto são de Henrique Portovedo e Sara Carvalho, ambos professores da UA. Na rubrica ‘Outono em Família’, concerto comentado, o Quarteto de Cordas de Aveiro interpretará o Divertimento em Fá maior, K. 138, escrito por Mozart em 1772, e uma das mais aclamadas peças para esta formação, ‘A Morte e a Donzela’ de Schubert, escrita em 1824, sob o título ‘O quarteto de Cordas: Quatro vozes para expressar os sentimentos’, o concerto está agendado para 10 de novembro, às 11 horas, no auditório Renato Araújo (edifício da Reitoria).
‘Canção da Terra, Melodia da Humanidade’ é o título atribuído ao espetáculo da Camerata Nov’Arte, que apresenta a estreia em Portugal da versão para dois solistas vocais e ensemble de ’A Canção da Terra’, de Gustav Mahler, adaptada por Iain Farrington. Insere-se num amplo ciclo da Camerata denominado ’Romantismo à lupa’ que propõe a leitura de grandes obras sinfónicas em formatos instrumentais mais compactos. O concerto está agendado para 15 de novembro, pelas 21:30 horas, na Casa da Cultura de Ílhavo.
Além da erudita
A variedade de estilos musicais ultrapassa o que se designa habitualmente como música erudita, pois para além desta, haverá incursões pela Zarzuela, pelo Fado, pelo Jazz e ainda pela chamada música de intervenção.
Assim, do programa eclético, destaca-se em especial a presença em palco do duo Camané e Mário Laginha, com o projeto ‘Aqui está-se sossegado’, a 2 de novembro, às 21:30 horas, no auditório. O concerto conta com cerca de duas dezenas de temas, saídos do cânone fadista tradicional, do repertório de Camané e inéditos compostos por Mário Laginha que, recorde-se, musicou já um poema de Álvaro de Campos ‘Ai Margarida’, que integra um dos últimos discos de Camané.
Outro momento de destaque vai ser atuação do duo vocal ALMO com o pianista Júlio Resende, a 17 de novembro, às 18 horas, no Teatro Aveirense. Será um concerto único e inovador, onde a excelência da capacidade criativa e de improvisador do pianista e compositor Júlio Resende se une ao talento interpretativo dos cantores Paulo Lapa (tenor) e Tiago Matos (barítono), numa simbiose entre o jazz, a improvisação e o canto. Vão ser cantados trabalhos de Manuel Alegre e José Afonso que, pelo que representam, remetem para os 50 anos do 25 de Abril.
Três concertos na primeira semana dos Festivais
Para além do Concerto de Abertura, a 20 de outubro, a primeira semana de atividades dos Festivais de Outono 2024, prevê mais dois concertos, dias 22 e 24.
No dia 22, pelas 21:30 horas, no auditório do DeCA, o Projeto DME, fundado pelo compositor Jaime Reis e sediado em Seia e Lisboa, apresenta um programa de música acusmática (música eletroacústica que é especialmente composta para apresentação usando altifalantes) com cinco peças de compositores que trabalham a voz humana como material musical. No dia 24, com o título ‘Musica Reservata – Orlando di Lasso e o seu manuscrito Ms. Hs. 18.744’, o Vocal Ensemble, dirigido por Vasco Negreiros (compositor e professor da UA), apresenta-se a partir das 21:30 horas, na Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré. A entrada é livre mediante lotação do espaço.
Como vem sendo hábito, o programa dos Festivais prevê a realização de concertos em vários locais de Aveiro e da região, incluindo Oliveira de Azeméis e Ílhavo.