O Instituto Mais Liberdade produziu o Ranking de Competitividade Municipal, um índice que compara a atratividade e qualidade de serviços e infraestruturas dos 186 municípios que têm mais de 10 mil habitantes em Portugal, com o município de Ílhavo a ocupar o 18.º lugar de um total de 186 municípios analisados.
O objetivo deste ranking passa por oferecer informação clara e comparável para famílias, empresas e decisores públicos, evidenciando padrões, boas práticas e fragilidades a nível local, procurando estimular o desenvolvimento de cada município e valorizar aqueles que apresentam melhores indicadores em cada dimensão de análise.
O município de Ílhavo ocupa a 18.ª posição no Ranking de Competitividade Municipal, com uma pontuação geral de 48,5, ficando atrás de municípios como Lisboa, que lidera a lista, Oeiras, Porto, Coimbra, Aveiro, Cascais, Maia, Alcochete, Funchal, São João da Madeira, Matosinhos, Braga, Faro, Leiria, Évora, Ponta Delgada e Mafra.
O índice agrupa 10 categorias de competitividade em duas grandes dimensões (Famílias e Empresas e Serviços, Infraestruturas e Governação Local) e acrescenta uma terceira dimensão (Competitividade Envolvente).
Rendimentos familiares
Ílhavo ocupa a 30.ª posição na tabela relativa aos Rendimentos familiares, numa categoria que evidencia a correlação entre maior dinamismo económico e empresarial e níveis de rendimento mais elevados. No topo deste ranking está Oeiras, seguido por Lisboa, Alcochete e Cascais. Sines é a principal surpresa entre os dez melhores, justificada pela presença de grandes indústrias e infraestruturas relacionadas com o Porto de Sines, nomeadamente empresas do setor energético e petroquímico.
Já no fundo da tabela predominam municípios do interior norte e centro do país, como Valpaços, Cinfães, Alijó ou Castro Daire, assim como Odemira no Alentejo.
Capital Humano
No ranking do Capital Humano, Ílhavo ocupa a 14.ª posição, numa categoria que combina elevada proporção de população em idade ativa, forte nível de qualificação, baixo desemprego e crescimento da população.
Num top dominado por Lisboa, Oeiras e Aveiro, o destaque vai para a presença de Arruda dos Vinhos, justificada pelo baixo desemprego e crescimento populacional.
Por outro lado, os municípios com pior pontuação, sobretudo do interior, como Moura, Valpaços e Cinfães, apresentam, na maioria dos casos, baixa percentagem de população com ensino superior, pouca população em idade ativa e declínio da população.
Capital Produtivo
O grande destaque do município de Ílhavo vai para o seu sexto lugar no ranking de Capital Produtivo, destacando-se «pela elevada percentagem de empresas de I&D (0,6%)», numa lista liderada pelos municípios de Lisboa, Oeiras e Porto, e onde se destacam ainda Albufeira, pela elevada densidade empresarial, e Azambuja, pela elevada percentagem de grandes empresas.
Por outro lado, os municípios com pior pontuação, sobretudo do interior do país, como Sabugal, Vila Pouca de Aguiar e Murtosa, apresentam economias locais pouco dinâmicas, dificultando o surgimento de novos negócios e limitando a capacidade de gerar riqueza.
Saúde
Na categoria da Saúde, o município de Ílhavo desce consideravelmente na lista, ocupando a 150.ª posição, num ranking onde se destacam as cidades que funcionam como polos regionais de saúde, muitas delas no interior, sendo que a maioria dos municípios das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto têm mau desempenho. Coimbra surge destacada em primeiro lugar, beneficiando da sua condição de centro hospitalar e universitário de referência, enquanto Porto e Lisboa ocupam também lugares cimeiros. A presença de cidades de menor dimensão, como Portalegre, Faro, Vila Real, Funchal ou Bragança, no grupo dos dez melhores, demonstra a relevância que os hospitais de referência assumem na rede nacional.
No extremo oposto, municípios como Sesimbra, Arruda dos Vinhos, Moita, Benavente, Marinha Grande ou Lousada figuram entre os piores desempenhos, traduzindo uma oferta direta mais limitada de médicos, camas hospitalares e farmácias, e uma maior dependência de serviços localizados em concelhos vizinhos.
Educação
Ílhavo continua mal classificado no ranking da Educação, ocupando a 151.ª posição na lista, onde os municípios do norte e do centro do país apresentam melhor desempenho, com o top 3 a ser ocupado por Angra do Heroísmo, Rio Maior e Faro.
Entre os piores desempenhos surgem municípios como Odemira, Cadaval, Sabugal ou Celorico de Basto, caracterizados por menor densidade populacional e menor oferta educativa estruturada.
Habitação
No que à Habitação diz respeito, o município de Ílhavo ocupa a 92.ª posição, numa lista liderada por Sátão, Bragança e Monção, municípios que beneficiam de preços mais acessíveis na habitação.
No extremo oposto encontram-se alguns dos municípios com maior pressão habitacional e/ou turística, como Lisboa, Cascais, Oeiras, Amadora, Albufeira e Funchal.
Cultura e Entretenimento
No ranking de Cultura e Entretenimento, Ílhavo está em 53.º lugar, numa lista que mostra uma concentração da oferta cultural e de lazer dos municípios. Lisboa lidera a tabela, seguida de Porto e Alcanena, o que se justifica com investimentos específicos ou com uma oferta cultural acima da média para a sua escala.
No extremo oposto, os municípios piores classificados são, em geral, concelhos periféricos, como Ponte da Barca, Bombarral, Castelo de Paiva, Valpaços, Vila Praia da Vitória ou Cabeceiras de Basto.
Proteção e Justiça
Na Proteção e Justiça, o município de Ílhavo volta a descer na tabela classificativa, ocupando o 115.º lugar, num ranking liderado por Oeiras, Gondomar e Paredes, o que evidencia uma boa cobertura de serviços de proteção e níveis relativos de criminalidade aceitáveis.
Oeiras lidera, apesar de estar a meio da tabela em termos de criminalidade por habitante. O elevado número de bombeiros por km2 e os poucos processos pendentes em tribunal, tal como a existência de um serviço de polícia municipal, catapultam o município da Área Metropolitana de Lisboa para a liderança.
No extremo oposto, encontram-se municípios como Alcácer do Sal, Lagoa (Açores), São Brás de Alportel ou Salvaterra de Magos, que refletem dificuldades ligadas a menor densidade de meios de proteção, maior distância a centros judiciais ou maior volume de processos por habitante.
Serviços Essenciais e Ferrovia
Ílhavo ocupa a 164.ª posição no ranking de Serviços Essenciais e Ferrovia, numa categoria que avalia a facilidade de acesso da população a serviços essenciais como bancos, caixas de multibanco, postos de correio e transportes ferroviários.
Os municípios com melhor desempenho são Albufeira, Alcácer do Sal e Vila Real de Santo António, enquanto os municípios com pior pontuação são Cadaval, Odivelas e Fafe.
Fiscalidade e Endividamento Autárquico
No ranking de Fiscalidade e Endividamento Autárquico, Ílhavo está na 100.ª posição, numa lista que mostra um claro contraste entre municípios do interior e do litoral, em benefício do interior do país. Nos primeiros lugares surgem Cinfães, Sátão, Valpaços ou Cabeceiras de Basto, concelhos de menor dimensão, que se destacam por níveis muito baixos de tributação municipal e reduzido endividamento autárquico.
Competitividade Envolvente (efeitos de proximidade)
Por fim, na categoria de Competitividade Envolvente (efeitos de proximidade), o município de Ílhavo ocupa a 53.ª posição. A Competitividade Envolvente avalia os benefícios que um município obtém da sua proximidade geográfica a outros municípios altamente competitivos, num raio de 50 km (quanto mais próximos maior o benefício). A lógica é que a vizinhança de municípios muito competitivos potencia o acesso a serviços, emprego, inovação e infraestruturas, criando efeitos de arrastamento que fortalecem as economias dos municípios na proximidade.
Os melhores resultados concentram-se claramente na Área Metropolitana de Lisboa, com municípios como Amadora, Odivelas, Almada e Loures a liderarem. Estes territórios beneficiam da proximidade imediata a Lisboa e a outros municípios competitivos da região.
Já os piores municípios localizam-se sobretudo em regiões do interior e ilhas, como Serpa, Castelo Branco, Chaves, Beja ou Horta.
Para os autores deste ranking, o documento confirma um padrão estrutural: os primeiros lugares concentram-se sobretudo em grandes municípios do litoral, onde há maior densidade populacional, empresarial e de infraestruturas; no fundo da tabela predominam municípios do interior e das regiões autónomas, refletindo assimetrias de acessibilidade e escala. O persistente centralismo do país reflete-se nestes resultados.
Pode consultar o Ranking de Competitividade Municipal 2025 aqui.
