Os barcos carregados de migrantes que tentam chegar ao espaço europeu continuam a navegar. Atravessando o mediterrâneo, são muitos os que já pereceram. Segundo dados da ONU, uma em cada dezoito pessoas, seres humanos com sonhos, ambições e muitas incertezas, conheceram a dor da morte nas águas que lhes serviram de última morada. Foram mais de 1600 pessoas que desapareceram antes de atingirem o sonho de tocar a margem europeia da terra. Só nos primeiros seis meses deste ano. E tendo em conta que os registos não serão tão exatos como deveriam ser, deverão ter sido muitos mais. Um mar de mortes que ainda não conseguimos evitar.
Os venezuelanos continuam a fugir do seu país. A inflação mata os salários, a comida na mesa não existe, e a fuga é a única solução. Mesmo para comprar lingotes de ouro, parece que o dinheiro escasseia e quem compra, fá-lo para poupar. Mas quem compra os lingotes de ouro não os deverá saborear, pelo que, os pobres, os que precisam de ajuda, os que não têm dinheiro para medicamentos e comida, ficarão a vê-los na televisão. Um êxodo que trai a base ideológica que diz defender. Os pobres estão pior e o ouro não é para eles.
Os atropelos à ética e à honestidade doem muito. E doem mais quando se aproveitam da solidariedade dos outros. Os outros, que não sofreram na pele nem nas casas os fogos, mas que, agora, vêm nas televisões os enganos, as espertezas, as batotas de tantos que se aproveitaram daquilo que estava destinado a quem perdeu a casa, o quintal, a casota do cão, o telhado. Alguns destes ainda moram na casa de alguém à espera que a sua se erga, enquanto outros, pela proximidade ao poder, têm já a casa de férias, a casa de fim de semana e a casa de campo pronta a habitar. A solidariedade nacional traída por artistas que já não são deste tempo porque o seu tempo e os seus hábitos ficaram no passado. Não pode a proximidade ao poder servir para as espertezas do costume que se chamam crime.
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