Ainda não é todos os dias que se ouve falar do município de Ílhavo por motivos positivos, mas desde que existe, na Gafanha da Nazaré, o projeto ‘Cabelos Mágicos’, a tendência está-se a inverter. Lurdes Almeida, Natividade Neves, Maria Miguel Santos, Inês Castilho e Elsa Vieira são o grupo de voluntárias que faz perucas para crianças (e agora também jovens e adultos) com cancro.
The Magic Yarn Project
Depois de conhecerem o ‘The Magic Yarn Project’, criado no Alasca por uma enfermeira e que consiste em fazer perucas baseadas no imaginário infantil, para oferecer a crianças que são submetidas a quimioterapia, viram que poderiam recria-lo e sentiram que poderia ser uma ideia a abraçar a nível local: “funciona quase como um franchising, mas como ir ao Alasca custa dois mil euros” e “eles explicam tudo na Internet, combinámos um café, tentámos fazer uma para ver se resultava e como resultou, avançámos”, começam por explicar ao Jornal ‘O Ilhavense’.
Desde janeiro que se reúnem uma vez por semana, para fazer o balanço do trabalho, partilhar esta experiência enquanto amigas e acompanhar o desenvolvimento da peruca, em que cada uma está a trabalhar. Dizem que já entregaram cerca de dez: uma Tartaruga Ninja, uma Minie, um Leãozinho, a Elsa ou a Anna da Frozen, a Moana, a Ariel, Minions, o Jack Sparrow, ou até unicórnios, mas assim por alto, já pode ter sido o dobro. “Para já estamos a enviar para a ‘Make a Wish Portugal’, a Casa da Acreditar de Coimbra e do Porto, uma associação no Luxemburgo, que trabalha com crianças de vários países e estamos também em contacto com o Hospital S. João e o IPO, do Porto e com o Hospital Pediátrico de Coimbra”, contam.
“Quando recebemos fotos das crianças e vemos aqueles sorrisos, tudo vale a pena”
O Santiago ou a Duda são duas das crianças que já puderam beneficiar desta experiência, mas como a Lurdes, ex-doente oncológica, este tema é caro, aceitaram o desafio, vindo da sua própria médica, para expandir este trabalho também a jovens e adultos. Assim, quem precisar pode receber uma peruca feita por estas senhoras, de forma completamente gratuita, pode contacta-las e o trabalho não fica por aqui, uma vez que têm também pedidos para dar formação e passar a palavra. À medida que os contactos aumentam e também os agradecimentos, o balanço vai sendo cada vez mais positivo: “há pessoas desde Chaves à zona do Algarve a contactar-nos para perguntar para onde podem enviar material, está a ser espetacular”, mas têm consciência de que nem tudo é como nas histórias de encantar: “o mais difícil é pensar que nem sempre sabemos como é que a história vai acabar”.
O projeto tem página de Facebook – ‘Cabelos Mágicos’ e conta já com ofertas variadas como, cabeças de manequins em esferovite, etiquetas com o nome do projeto, ou sacos alusivos, para a entrega das perucas, oferecidos por empresas e a beneficência da autarquia. Quem desejar pode colaborar com estas voluntárias através de mensagem, comentário ou comprando material para que possam continuar a criar estas perucas: “as pessoas podem comprar lã, acrílicos hipoalérgicos ou 100% algodão (macio), nas lojas parceiras e deixar para nós levantarmos ou contactar-nos. Na Gafanha da Nazaré – ‘Caixa de Costura’ e Novelos d’Alma, em Aveiro – Tricots Brancal, Casa Branco, Tesouras & Tesouros, MD9 Singer, Retrosaria Novo Estilo e Mãos Sábias.