Completamos hoje 103 anos: parabéns a nós.

E já que estarmos de parabéns é uma ideia que se basta a si própria, interessa-me sobretudo refletir acerca desta outra palavra – o “nós”.

Interessa-me cada vez mais pensar nos termos deste nós que não me separa a mim que estou a escrever de quem quer que seja que me possa vir a ler, mas que nos une neste encontro. E nesse sentido, também me interessa cada vez mais juntar nesta primeira pessoa do plural quem se ocupa de redigir notícias, crónicas, reportagens, de anunciar, de ler, de criticar, de ser entrevistado, de ser noticiado, enfim, toda a teia de relações que se encontra envolvida na produção de um jornal que tem como título “O Ilhavense”.

Cada um tem as suas responsabilidades, que serão diferentes em grau e em forma, mas nem por isso cada um deixa de fazer parte deste espaço aberto há 103 anos para que uma comunidade se pudesse comunicar. “O Ilhavense” é, por isso, um título feliz, já que se refere àquele que se identifica como afeto a este lugar (e afeto aqui será a palavra crucial), que une os que cá estão aos que daqui partiram aos que aqui gostam de ir estando e aos que aqui ainda agora estão a chegar.

E, por isso, quando digo “parabéns a nós”, não me refiro meramente aos que se encontram aqui deste lado da página, mas a todos os que ainda alimentam e se alimentam deste exercício de comunicação. E faço-o sobretudo porque ele depende cada vez mais dos dois lados destas páginas, do de quem as escreve e do de quem as lê.

Lançamos neste número uma campanha que é, só na aparência, comercial. O desafio a que se ofereça uma assinatura do nosso jornal neste Natal. Mais do que uma motivação económica (que existe, e convém não esquecermos que sem os meios necessários nenhum jornal se publica), esta iniciativa pede, sobretudo, um gesto fundamental de passagem de testemunho – aos mais novos, aos recém-chegados a este lugar, aos que ainda não estão ligados a este “nós” que é o de todos os que acarinhar O Ilhavense e o que tem produzido em Ílhavo ao longo de tantos anos.

Porque fazer crescer este “nós”, ligando-o a este nó comum é o nosso encontro quinzenal, vai trazer-lhe tudo aquilo de que nos nós precisamos: mais ideias, mais debate, mais histórias, mais qualidade e, sobretudo, mais aniversários para nos podermos parabenizar.

Nota: importa deixar uma palavra acerca da suspensão da publicação do centenário “Coreio da Feira” por falta de meios para continuar. É uma perda para todos e uma derrota de todos, porque a defesa da imprensa é uma tarefa de todos nós – editores e leitores.

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