Com a revolução de 1974 e a nacionalização da radiodifusão, passaram a existir em Portugal apenas três emissoras – a RDP, a Rádio Renascença e a Comercial – todas a emitir a partir de Lisboa. O panorama radiofónico estava subdesenvolvido e, não fosse o advento do fenómeno das rádios livres (ou, como ficariam conhecidas, “rádios pirata”) era pouco provável que o cenário se viesse a alterar a curto prazo.
O que é facto é que, nos anos 80, de norte a sul do país, centenas de rádios tomaram de assalto o espetro radiofónico. Estas emissoras “piratas” surgiam da vontade de experimentar, de inovar e, principalmente, da necessidade de oferecer a proximidade às comunidades locais que as rádios nacionais não ofereciam.
Por cá, corria o verão de 1986, quando começou a emitir a rádio da Cooperativa Cultural e Recreativa da Gafanha da Nazaré. O nome “Terra Nova” só apareceria mais tarde. A designação recuperava a ligação histórica à pesca do bacalhau, ao mesmo tempo que incitava à construção de uma terra nova, assumindo a rádio como espaço de discussão e veículo de transformação da comunidade.
Fernando Martins está na Rádio Terra Nova, literalmente, “desde a primeira hora”. Fernando foi um dos jovens que participou na emissão inaugural, de caráter experimental e de alcance limitado, “feita com uma antena improvisada num telhado e uma aparelhagem emprestada”. Desde aí, nunca mais deixou o projeto. Hoje, com 53 anos, é jornalista na Terra Nova e, todas as tardes, dá voz às notícias do concelho e da região. Por sua vez, as manhãs estão a cargo de Carlos Teixeira, de 47 anos, que recorda ter começado a fazer rádio “com 16 ou 17 anos”. Nessa época, em que Carlos “ainda andava no liceu e, por isso, vinha só aos fins-de-semana”, a atividade era “muito intensa e vibrante” e a Terra Nova conseguia ser uma rádio heterogénea. “A rádio tinha a capacidade de acolher toda a gente: uns porque gostavam de música de diferentes estilos, outros porque queriam acompanhar o desporto”. Foi, aliás, o desporto, que levou Carlos para a Rádio Terra Nova que, naquela altura, acompanhava várias frentes. “Fazíamos tudo: futebol, andebol, basquetebol, hóquei”, lembra o jornalista.
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