AFONSO RÉ LAU

Ao longo de mais de 75 anos de história, o Illiabum Clube já passou várias vezes por situações semelhantes à que agora enfrenta: o clube está sem direção e vai ser gerido, provisoriamente, por uma comissão administrativa.

Hélder Bartolomeu, presidente da Assembleia Geral do Illiabum, explica como é que o clube chegou à atual conjuntura: “Havia um ato eleitoral marcado para 29 de junho e a atual direção não se recandidatou. Não tendo aparecido nenhuma lista, em assembleia, os sócios discutiram várias alternativas, até que o presidente da direção cessante se predispôs a formar e encabeçar uma comissão administrativa que pudesse gerir o clube até próximo ato eleitoral. Os sócios aceitaram”.

O Illiabum conta, atualmente, com “mais de 1000 sócios”, estima Hélder Bartolomeu. No entanto, nessa assembleia geral eleitoral, “não terão participado muito mais de 20”. Nas redes sociais do clube, há adeptos que se queixam de irregularidades quanto à antecipação com que a convocatória para esta assembleia lhes foi comunicada, bem como aos métodos de divulgação utilizados. Hélder Bartolomeu admite que algumas dessas críticas “têm razão de ser”. Ainda assim, o presidente da Assembleia Geral garante que “já teve o cuidado de marcar e divulgar as próximas reuniões da Assembleia” – a 26 de julho, para aprovação da comissão administrativa, e a 25 de outubro, para novo ato eleitoral – com “muita antecedência”.

Outra das críticas de sócios e adeptos prende-se com aquilo a que chamam “inação” ou “ausência de gestão” por parte da direção que agora cessou funções. Para Rafael Peixinho, apesar de, neste mandato, a equipa auri-púrpura ter vencido uma inédita Taça de Portugal e disputado os lugares cimeiros da Liga Portuguesa de Basquetebol, “o Illiabum tem sofrido da síndrome do ‘deixa andar’. Nos últimos dois anos, “não houve um trabalho assertivo, um esforço de relacionamento com as pessoas e entidades”, alerta o adepto e sócio, afirmando que, “num clube como o Illiabum, a má gestão custa caro e, quando se perdem dois anos de mandato, tudo se torna mais difícil”.

Rafael Peixinho é, acima de tudo, um apaixonado pelo Illiabum. Sócio desde os 13 anos de idade, Peixinho já fez um pouco de tudo no clube e pelo clube – foi jogador, treinador das equipas de iniciadas e cadetes femininas de minibasquetebol, responsável pelo som do pavilhão e pela organização de alguns eventos… Como ele, outros sócios e adeptos sentem o Illiabum como parte integrante das suas vidas e vivem o clube com grande intensidade. Ainda assim, na opinião de Peixinho, “haverá pouca gente com condições para se atirar de cabeça para uma aventura destas”, uma vez que assumir um cargo diretivo implica “condições financeiras e disponibilidade de tempo” que poucos terão.

Há vários anos que o Illiabum também faz parte da vida de Pedro Rosa Novo. Foi atleta, diretor desportivo e, desde o verão de 2017, presidente da direção do clube. Agora, foi mandatado pelos sócios para formar a comissão administrativa que vai tomar conta da instituição, pelo menos, até outubro. Apesar de “não estranhar as acusações” de alguns sócios e adeptos, confessa “não as perceber”. Para Pedro, “os resultados falam por si”. Recorda que “esta direção alcançou o melhor resultado desportivo de sempre para o Illiabum; manteve o clube na principal liga de basquetebol em Portugal; na formação, voltou finalmente a ter as equipas masculinas a disputar fases finais”. E acrescenta que “foi esta direção que organizou, por sua iniciativa e por dois anos consecutivos, o maior evento de minibasquetebol do distrito de Aveiro, e, pelo feedback dos clubes participantes, organizou-o bem”. Posto isto, o dirigente questiona-se “Isto é inação? Então não sei o que é ação”.

(Ler na íntegra na edição em papel)

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