Na segunda quinzena de setembro, à medida que o verão se despedia e a queda das primeiras folhas expunha vários ninhos de vespa asiática, as denúncias de ilhavenses alarmados disparavam.

No gabinete de Proteção Civil da Câmara Municipal de Ílhavo o procedimento é quase sempre o mesmo: quando chega a suspeita da existência de um novo ninho de vespa asiática, a primeira coisa a fazer é visitar o local e avaliar a situação in loco. Verificando tratar-se de um vespeiro ativo, é agendada uma intervenção a ser levada a cabo por uma empresa especializada. Dentro da disponibilidade dos intervenientes e da quantidade de ninhos a combater, o desmantelamento destes vespeiros é normalmente feito nas horas de menor calor, ao fim do dia, ou aproveitando períodos de vento fresco e céu nublado nos quais a maioria das vespas, cujo pico de atividade coincide com as horas mais quentes, estará recolhida.

Com a pulverização do ninho com inseticida, a maior parte da colónia é eliminada. As vespas que, ainda assim, conseguirem fugir “estarão impregnadas de inseticida e demorarão um a dois minutos a morrer”. Quanto aos indivíduos restantes – os que, por ventura, não se encontrem no ninho aquando da intervenção -, “no momento em que recolherem ao ninho, ficarão contaminados”, explica Márcia Rodrigues, do gabinete municipal de Proteção Civil.

É, aliás, por isso que o ninho não é imediatamente destruído. “Com este método, no espaço de dois ou três dias, todas as vespas daquela colónia acabam por ser exterminadas”. Findo esse período, avalia-se a atividade do vespeiro. Se ainda registar atividade, procede-se a nova intervenção. Caso contrário, o ninho pode ser retirado ou, simplesmente, sinalizado como “tratado”. “Com o tempo, um ninho inativo acaba por desfazer-se e cair”, esclarece Márcia Rodrigues. Assim, nos casos em que os ninhos são de difícil acesso – por exemplo, no topo de árvores -, “não compensa empenhar meios para os alcançar e destruir”.

Uma invasora prestes a conquistar Portugal

A Vespa velutina é uma espécie de origem asiática, com uma área de distribuição natural que se estende do norte da Índia ao leste da China, Indochina e ao arquipélago da Indonésia.
A subespécie introduzia na europa é Vespa velutina nigrithorax, também conhecida como vespa-das-patas-amarelas. Na europa, a vespa asiática foi registada pela primeira vez em França, em 2004. Terá sido introduzida acidentalmente, através do porto de Bordéus, infiltrada em mercadoria oriental. A partir daí, a progressão foi vertiginosa. Rapidamente, ultrapassou os Pirenéus e ocupou o norte de Espanha. A Portugal, pensa-se que tenha chegado através do transporte de madeiras para o porto de Viana do Castelo, cidade onde foi registada, pela primeira vez, em 2011. Desde então, tem vindo a alastrar-se para sul, pelo menos, até ao distrito de Lisboa.

Estima-se que, mais ano, menos ano, vá colonizar todo o território continental português.

(Leia na íntegra na edição em papel)

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