Um mestrando em Biologia Aplicada na Universidade de Aveiro (UA), que tem vindo a dedicar-se à ilustração paleontológica, fez parte da equipa que estudou uma nova espécie de crocodilo do Jurássico descoberta na zona da Lourinhã. Camilo Pineda, que estuda no Mestrado em Biologia Aplicada (MBA) sob orientação de Fernando Correia, fez parte do grupo de investigadores em que se incluem ainda Víctor López-Rojas, Simão Mateus, João Marinheiro, Octávio Mateus e Eduardo Puértolas-Pascual.

A nova espécie de crocodilo terá, segundo os estudos, 149 milhões de anos e o exemplar foi descoberto por Holger Lüdtke, na praia de Paimogo, na Lourinhã, em 2021. O nome atribuído à nova espécie é Ophiussasuchus paimogonectes, termos que significam: “crocodilo da Ofiússia”, nome dado pelos gregos ao território onde se situa Portugal, e “nadador de Paimogo”, referente ao local da descoberta.

A equipa que estudou a nova espécie envolve uma equipa multidisciplinar de portugueses, espanhóis e um colombiano, e os membros têm afiliações a diferentes instituições: Dino Parque da Lourinhã, Museu da Lourinhã, Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Universidade de Zaragoza e o Laboratório de Ilustração Científica do Departamento de Biologia, da Universidade de Aveiro.

A imagem que acompanha a notícia é uma escultura digital à escala, cientificamente correta e rigorosa, da autoria de Camilo Pineda e representa uma fase de restauro (colocação dos ossos do crânio e da mandibula na posição natural, dentro do que seria o seu sistema esquelético). A sua execução, bem como das ilustrações em técnica de grafite (2D) que remetem à interpretação do fóssil encontrado e apresentam várias vistas, foram validadas pela equipa que descreveu a nova espécie, numa primeira fase, e também pelo especialista em ilustração científica que o orientou.

Fernando Correia, orientador de Camilo Pineda, que tem desenvolvido trabalho neste domínio da especialização da ilustração científica acredita «que a ilustração paleontológica permite consolidar o conhecimento científico numa das ciências naturais que mais se apoia na imagem interpretada e materializada através da ilustração». «Quando nos chegam apenas ossos e dentes de fósseis, há muita interpretação por fazer, nomeadamente reconstituindo como seria este ser em vida; ou seja, é preciso fazer ciência estabelecendo pontes interdisciplinares, como por exemplo com a Biologia das espécies extantes (não extintas), se quisermos compreender melhor as espécies extintas e aproximá-las mais da hipotética realidade», completou.

O colombiano Camilo Pineda, biólogo, abriu caminho na área da ilustração científica paleontológica. Atualmente, outros dois alunos da UA e do MBA a investigam e produzem ilustrações paleontológicas sobre organismos — Renato Nakazone (brasileiro) e Carlota Forte (portuguesa) — ambos sob a orientação de Fernando Correia e Simão Mateus.