Capa do livro "O Curandeiro da Morte", de Diogo Ferreira. Design e fotografia: Soraia Martins

“O Curandeiro da Morte”, segundo livro do autor ilhavense Diogo Ferreira, vai ser apresentado no próximo dia 11 de maio no Café Amizade, Aveiro, pelas 18:30 horas. Antes, pelas 17:30, o projeto aveirense de música eletrónica Lvx Obscvra fará uma performance inspirada no universo do livro.

Depois do primeiro conto de terror “esta casa é para vender” ter sido publicado em outubro de 2023, Diogo Ferreira lança agora a novela “O Curandeiro da Morte”, que se passa numa aldeia esquecida pelos mapas, onde um homem honesto e trabalhador é atacado por uma doença inexplicável que nem médicos ou padres conseguem resolver. Numa comunidade subserviente, temente e coscuvilheira, a esposa desse homem decide, em desespero, enviar os dois filhos à procura de um certo curandeiro.

Sobre o que esperar desta novidade, Diogo Ferreira resume ao dizer que «vamos descobrir toda uma sobrenaturalidade rural que atua em segredo, que opõe o livre-arbítrio de uns e a feitiçaria de outros à religião e aos bons costumes».

Questionado sobre se continua envolvido na temática do terror, o autor revela que «apesar deste livro conter momentos tenebrosos e provavelmente ofensivos, a toada está mais relacionada ao fantástico e ao sobrenatural negro do que propriamente ao horror dito tradicional. Contudo, prossigo com aquilo que me dá mais prazer na escrita, que é a exploração e a descrição do sofrimento, o que faz com que a narrativa seja pesarosa e agonizante em quase todos os momentos».

Quanto à criação de uma novela, Diogo Ferreira confessa que tal «não foi de propósito», referindo que «comecei a escrever com o intuito de publicar mais um conto, mas de repente dei por mim com mais páginas, mais personagens com maior profundidade e caráter, e mais ações a desenvolverem-se ao mesmo tempo em locais diferentes, portanto tinha em mãos uma novela e não um conto».

Edgar Allan Poe para o terror, Franz Kafka e Voltaire para o comentário social continuam a ser as maiores influências de Diogo Ferreira. Contudo, conta que, «sem querer, Miguel Torga acabou por ser uma bússola inicial, especialmente no que toca a cenários e à criação do próprio curandeiro. Dessa faísca nasce uma história com o meu vocabulário, formas de escrever frases, expressões cómicas que ninguém está à espera e todo o sofrimento que idolatro na hora de escrever. Dificilmente alguém igualará Miguel Torga na arte do conto rural e na combinação entre humor de ir à gargalhada e tristeza de ir às lágrimas».

A fotografia e o design da capa são de Soraia Martins, a paginação ficou a cargo de Inês de Carvalho e as ilustrações têm assinatura de Débora Pereira e Sérgio Marques.