Apesar de ser historicamente uma das espécies colhidas com o moliço, às carradas transportadas em barcos da Ria e usada para adubar os solos, a Zostera marina é hoje uma erva marinha ameaçada. Por isso, investigadores da Universidade de Aveiro (UA) propõem o repovoamento. Acreditam que, entre outras vantagens, a erva marinha poderá prevenir dragagens e respetivas consequências negativas nos ambientes da Ria.
A reunião com os vários membros do consórcio que envolve centros de investigação portugueses, espanhóis e alemães, empresas e ONGs, marca o início do projeto LIFE SeagrassRIAwild. A reunião está agendada para hoje e amanhã, na Sala de Atos Académicos no edifício da Reitoria.
Pedro Coelho, investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), explica que as pequenas manchas de Zostera marina descobertas recentemente num dos braços da Ria não permitem o repovoamento do sistema. O objetivo do projeto passa então por usar antigas marinhas que são propriedade da UA, junto ao PCI-Creative Science Park, para espaço de cultivo com base em importação de outros sistemas e, a partir daí, repovoar os canais da Ria.
O coordenador indica que, para além da vertente de conservação que permitirá recuperar os serviços prestados ao ecossistema por esta espécie, nomeadamente providenciar abrigo para a fauna marinha, aumentar a biodiversidade, fixar os sedimentos e armazenar carbono azul, será testado o potencial efeito da presença desta espécie na redução do assoreamento dos canais de navegação e consequentes trabalhos de dragagem, com evidentes impactos nos fundos e nos ambientes da Ria.
O projeto, que corresponderá a um investimento de 3,5 milhões de euros e tem a duração de sete anos, inclui uma importante vertente de ciência cidadã, envolvendo agentes locais e regionais com interesses neste sector e na Ria.