Foto: João Garcia Neto

O Palheta – Robertos e Marionetas decorreu entre os dias 1 e 3 de março, na Gafanha da Nazaré. Mais de duas mil pessoas passaram pelo festival organizado pelo Município de Ílhavo, através do projeto 23 Milhas, que reforçou a aposta na criação, através da coprodução ‘Volta ao Mundo em 40 Minutos’, na programação direcionada às famílias, mas também na relação com as escolas, quer através da ida a espetáculos, quer através de oficinas de criação nas aulas, durante as semanas que antecederam o festival.

A criação do marionetista e encenador Rui Queiroz de Matos, ‘Volta ao Mundo em 40 Minutos’, apresentou-se quatro vezes durante o Palheta, duas vezes para as escolas e duas para o público geral, tendo esgotado todas as sessões para assistir à história da viagem imaginada dos irmãos Vicente e João. Rui Queiroz de Matos orientou ainda a oficina ‘Segunda Mão’, dirigida a famílias, em que mais de duas dezenas de crianças criaram as suas próprias marionetas a partir de várias técnicas. O criador da cenografia e das marionetas deste espetáculo, o designer Pedro Ramos, orientou a oficina com a turma de artes do Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré que trabalhou, em janeiro e fevereiro, na criação de uma marioneta a partir da ideia de liberdade. As marionetas construídas por alunos e professores ficam expostas na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré até 29 de junho.

As famílias aderiram em massa ao festival Palheta, nas estreias nacionais dos espetáculos de companhias bascas ‘Las Cotton’ e ‘Mr.Bo’, na apresentação de ‘A Caixa de Nove Lados’, da Historioscópio, que aconteceu no Salão Paroquial da Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré, e em ‘Aldeia Balão’, da Teatro e Marionetas de Mandrágora, espetáculo de rua que estava previsto para o Jardim 31 de Agosto, mas que tendo em contas as condições climatéricas acabou por acontecer, em duas sessões, na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré. Crianças e pessoas de todas as idades marcaram presença também nas cinco sessões de Teatro Dom Roberto da Vumteatro, que apresentou não só as histórias clássicas deste tipo de teatro, mas também duas criações inéditas, com fantoches criados para o efeito, uma sobre a Covid, outra sobre piratas. A vereadora do pelouro da Cultura e da Criatividade da Câmara Municipal de Ílhavo, Mariana Ramos, afirma que «apesar do inverno, o Palheta voltou cheio de luz e de calor através da presença e da felicidade de crianças e adultos».

Com foco inicial no tema da viagem, da possibilidade da ida e da promessa de mudança, os espetáculos do Palheta deste ano reforçaram o poder da comunidade enquanto motor coletivo, mas também daquelas que são as nossas convicções individuais como forças que transformam o mundo. Ou são, pelo menos, o princípio. De acordo com Mariana Ramos, o Palheta recorda-nos ainda, através da sua marca no território, de «que o legado do bonecreiro Armando Ferraz ainda vive».

Na noite de sábado, o auditório da Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré esgotou, numa sessão dedicada ao público adulto com ‘A Grande Fantochada’, de Hugo van der Ding, em que o ilustrador e escritor conta a História de Portugal, através de oito fantoches desenhados, criados e interpretados por si, e manipulados e interpretados pelo ator Vítor D’Andrade, com a banda sonora tocada ao vivo pela pianista Joana Gama.

O Palheta – Robertos e Marionetas regressa em 2025.