Em 10 de Julho de 2017 publicávamos sob o título “Aprovados 23,4 milhões para desassoreamento da ria de Aveiro”, a seguinte notícia:
«Solução para tornar a via mais navegável avança este mês. Há 20 anos que não são retiradas areias acumuladas. Inertes vão reforçar margens e proteger a costa.
O desassoreamento da ria de Aveiro, há muito reclamado na região, já tem dinheiro para sair do papel. O investimento de 23,4 milhões de euros terá apoio comunitário. A candidatura foi aprovada na última semana e garante uma comparticipação de 75% (17,6 milhões). Os restantes seis milhões serão custeados pela Polis Ria de Aveiro, sociedade que se extingue no final das obras. O Ministério do Ambiente explica que a primeira empreitada, no canal de Mira, será lançada ainda este mês. A segunda avança em outubro.
Serão extraídos 955 mil metros cúbicos de areia da ria. É uma notícia há muito esperada pela população, municípios e clubes náuticos da região, críticos com o facto dos inertes impedirem a navegação. “O acumular dos sedimentos ao longo dos últimos 20 anos em que não houve intervenções fez com que um conjunto de canais interiores da ria perdessem a navegabilidade. Estes inertes são também nefastos para a riqueza ambiental da ria”, que vê a vegetação autóctone ser substituída por infestantes. “Por tudo isto, esta intervenção é muito importante”, afirmou o ministro do Ambiente, Matos Fernandes.
O governante adiantou que os inertes terão dois destinos: “o reforço das margens da ria de Aveiro, prevenindo cheias, e o reforço do cordão dunar no litoral” entre a Costa Nova (Ílhavo) e o Areão (entre Vagos e Mira). Essa condição “foi essencial” para a aprovação da candidatura no Programa Operacional da Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR), que avançará com 17,6 milhões de fundos de coesão.
Duas empreitadas até 2019
A intervenção localiza-se nos canais de Ovar até ao Carregal, de Ovar até Pardilhó, da Murtosa até ao Chegado, de Mira, de Ílhavo, nos canais do Lago do Paraíso e nos canais centrais. Abrange os municípios de Ovar, Estarreja, Murtosa, Albergaria, Aveiro, Ílhavo e Vagos.
A primeira obra de desassoreamento será no canal de Mira, prevendo-se o depósito dos sedimentos no mar e nas margens do canal.»
Segundo a agência Lusa, em notícia vinda a público em 12 Abril 2018, a deputada Helga Correia (PSD) questionou o facto de o desassoreamento da Ria de Aveiro ainda não ter avançado, dado que, pelas implicações ambientais, as dragagens devem ser feitas entre março e junho.
Intervindo no plenário da Assembleia da República, a parlamentar social-democrata recordou que o ministro do Ambiente anunciou que a realização da obra “assentaria na apresentação a concurso no segundo trimestre de 2017 e conclusão durante o ano de 2019”.
Por outro lado, lembrou, «em dezembro de 2016 o Parlamento aprovou, por unanimidade, uma resolução que recomendava ao governo “urgência no desassoreamento e regulação dos caudais da ria de Aveiro”».
“O desassoreamento e regulação de caudais da ria de Aveiro é uma preocupação antiga das populações, das autarquias, dos agentes económicos e turísticos da região e foi, também, uma preocupação do anterior governo e do Parlamento” — salientou Helga Correia perante a ministra do Mar, que esteve em Ílhavo em março 2017 no Museu Marítimo de Ílhavo, onde “foi anunciado que a empreitada seria lançada na segunda quinzena de maio” desse ano.
No entanto, os adiamentos sucedem-se e as obras continuam por avançar. Ora, sendo que a Sociedade Polis da Ria de Aveiro já tinha anunciado que se extinguiria no final das obras, admitamos não será assim tão despropositado pensar se todos estes atrasos não terão como fundamento “assegurar”, por tempo indeterminado, os “tachos” que na mesma se foram criando… E assim se vai mentindo ao povo sem pudor nenhum.