Poema de Tiago Mendonça Oliveira
Prendi-me à vocação de as vender
Delas tenho sabido apenas o nome
Lamento agora não as ter amado
Como seria devido
Cego fui por não ter visto
Sua imensa paleta de cores
Algumas Nem a luz
Que é do Universo, reconhece
O cheiro que vendi
Sei agora, em lágrimas
Não é coisa de se vender
Nada que é do mundo
Deste mundo
É de vender, por não ter preço
Demito-me agora, sem demora
Desta maldita vocação
Não é minha a vocação de vender
Nem minha
Nem de Homem algum
Penso que nem haverá alguma vocação
O Homem que seja Homem
Cheire se tem nariz
Veja se tem olhos
Sinta até se for de sentir
Eu vendia flores
Era vendedor de flores
Agora
Agora que sou
Homem
Sei até um pouco de flores
Suas cores
Cheiros Vidas
E de saber de flores
Sei também de mulheres Divina é a mulher em flor
Na verdade que digo
Flores
São mulheres cultivadas em jardins
Livres
Mulheres são jardins
Livres que cheiram a flores