Respigos de história e curiosidades de uma visita recentemente realizada a este ícone da Marinha Mercante Portuguesa a que tanta “Gente do Mar” e famílias se encontram tão intimamente ligadas…
Acompanhados do Sr. Cap. Valdemar Aveiro, “velho lobo do mar” ilhavense, e de Rui Bela, cineasta já de créditos confirmados, como o primeiro também ele grande entusiasta do Navio Gil Eanes, visitámos, em Maio último, este Polo Museológico ligado à grande Epopeia da Pesca do Bacalhau, tendo tido a honra de “visita guiada” pelo Sr. Comandante João Lomba da Costa, elemento preponderante da Fundação Gil Eanes a quem publicamente agradecemos toda a gentileza.
Este Navio com tanta história e tão intimamente ligado à memória dos marinheiros portugueses há mais de meio século, depois de ter estado a caminho da sucata, literalmente, apresenta-se-nos, hoje, como uma verdadeira “Pérola Nacional”, uma “Joia da Coroa Portuguesa.
E seja-nos permitido começar por recordar a célebre Campanha “S.O.S. Gil Eanes” em que este Jornal também esteve envolvido (edições de “O Ilhavense Nº.494 e 495 II Série, de 01 e 15 de Maio de 1997, respectivamente, que poderão ser consultadas na Redacção deste Jornal)
Aqui publicamos, na altura, pungentes apelos de “socorro” assinados por Dinis Nazaré (Lucotor da RDP e J. J. Rocha Ramos (oficial náutico ilhavense então e por ele mesmo assinando, com toda a modéstia e singeleza como “um Homem do Mar Ilhavense”, assim, simplesmente)…
Depois, seguiu-se outra enorme “batalha”, esta já encetada pela Fundação Gil Eanes que se lançaria numa “gigantesca” operação de reabilitação do Navio (todo ele era sucata), de que viria a resultar o actual Polo Museológico brilhantemente reabilitado e mantido pela Fundação que do mesmo e desde então têm cuidado com todo o esmero, dedicação e carinho, podendo hoje e orgulhosamente apresentá-lo aos muitos milhares de visitantes vindo de toda a parte do Planeta, como um “brinco”, verdadeiro orgulho Nacional e de quem tão empenhadamente possibilitou a sua reabilitação e transformação a ponto de se tornar num grande embaixador de Portugal. O Gil Eanes dos nossos dias apresenta-se hoje todo “arrumadinho”, limpinho e com os seus cromados brilhando esplendorosamente. Por isso afirmamos, sem qualquer receio de exagero e também com muito orgulho que este Navio Emblemático “virou” uma verdadeira “Perola Nacional”!…
História e Curiosidades:
Foram duas as embarcações de bandeira portuguesa com a designação de Gil Eannes e a função de navio-hospital, ambas tendo prestado apoio às atividades de pesca do bacalhau, nas águas da Terra Nova, no Grande Banco e na Gronelândia. A sua função justificava-se uma vez que as embarcações pesqueiras portuguesas se encontravam, rotineiramente, isoladas por vários meses naquelas águas.
O primeiro navio a receber este nome foi o Lahneck, um navio do Império Alemão apreendido na sequência da entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial (1916), então transformado em cruzador auxiliar da Marinha Portuguesa. Posteriormente, em 1927 zarpou pela primeira vez para a Terra Nova, após ter sido adaptado para navio hospital em estaleiros nos Países Baixos.
Em 1955 foi substituído por uma nova embarcação, homónima, construída de raiz nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Ao longo de sua existência, serviu ainda como navio-capitania, navio-correio, navio-rebocador e quebra-gelos, assegurando o abastecimento de mantimentos, redes, material de pesca, combustível, água e isco aos barcos de pesca do bacalhau.
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