O abate de animais saudáveis passou a ser proibido em território continental. Por força da lei, os Centros de Recolha Oficial (CRO) não poderão mais matar cães ou gatos.

O que a lei e a intransigência do executivo nacional em não conceder qualquer moratória às autarquias exigiam, é que se faça o que ainda não foi feito. A adoção, por parte de todos os intervenientes, de ações concertadas que levem à esterilização dos muitos animais errantes e selvagens que povoam o país, o compromisso dos municípios de que darão, finalmente, prioridade a uma política que resulte no bem-estar animal, em conjunto com as associações que dedicam a sua existência a esta causa.

Ao governo, caberá criar linhas de financiamento que cheguem, de facto, para o muito que há a fazer.

A nós, cidadãos, caberá a melhor e mais difícil parte: mudar mentalidades, respeitar os direitos dos animais errantes e de companhia, fazer alguma coisa por aqueles que esperam religiosamente a hora a que chegamos a casa.

O que estabelece a legislação que agora entrou em vigor, não é mais do que aquilo que muitos municípios já fazem. Póvoa do Varzim, Espinho, Funchal, Lisboa e Porto, entre outros, assumiram já uma política de «abate zero».

Na Madeira, já desde 2016 que não são abatidos animais saudáveis, depois do parlamento regional ter votado por unanimidade uma proposta nesse sentido.

Nos Açores, espera-se que seja a partir de 2022, dando assim mais tempo às câmaras para que possam construir os CRO que faltam em algumas autarquias, como é o caso do Nordeste ou Povoação. Neste particular, são bons exemplos o concelho da Lagoa, Ribeira Grande e Ponta Delgada, cuja ambição é chegar à política de «abate zero» antes da entrada em vigor da legislação regional.

Quando o nosso país não tinha qualquer interesse para aqueles que, potencialmente, nos poderiam visitar, a culpa tinha rosto.

Agora que, felizmente, nos visitam milhares de pessoas, dando um contributo económico, ao mesmo tempo que nos ajudam a abrir horizontes com as suas particularidades, as suas experiências e o seu conhecimento, fazemos manifestações a exigir aos turistas que não o sejam.

Vi, inclusivamente, um cartaz que dizia “quero viver onde quiser” o que não deixa de ser ótimo. Eu também, mas nem sempre a realidade o permite.

Nunca senti que os turistas estivessem a mais no meu país. E nunca me senti a mais no país deles.

Leia o artigo completo na edição em papel.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here