Quando apareceu, em Inglaterra, em 1907, o escutismo destinava-se a adolescentes e jovens dos 10 aos 18 anos. Mais tarde, a proposta escutista alargou-se e foi fundada uma nova secção para crianças dos 6 aos 10 anos. No rescaldo da Primeira Guerra Mundial, a necessidade de um programa para jovens em fase de transição para a vida adulta intensificou-se. Então, em 1918, foram criados os “Rover” (ou, como são atualmente conhecidos em Portugal, os Caminheiros). A nova secção integrava jovens a partir dos 18 anos e até aos 22 anos de idade e propunha-lhes que formassem, nas palavras do fundador, “uma fraternidade de ar-livre e de serviço”.
Em Portugal, ambas as associações escutistas – a Associação de Escoteiros de Portugal e o Corpo Nacional de Escutas – têm caminheiros e, ao longo do último ano, desenvolveram um conjunto de iniciativas para comemorar o centenário. De todas as propostas comemorativas, aquela que envolveu mais participantes foi o Rayde100.
Raide é a designação que os escuteiros dão às suas caminhadas. O Rayde100 foi, por isso, uma caminhada – uma grande caminhada – que teve início a 27 de janeiro, em Manteigas, que envolveu dezenas de milhares de escuteiros e que percorreu mais de 2 mil quilómetros a pé, transportando e partilhando um testemunho simbólico.
O centro deste testemunho foi a “Luz da Paz de Belém”, uma chama recolhida em dezembro, na Gruta da Natividade, em Israel, e que foi preservada e partilhada por escuteiros de todo o país, ao longo do caminho. “A luz chegou a todos”, garante o Corpo Nacional de Escutas, em comunicado. “As regiões autónomas dos Açores e da Madeira fizeram os seus percursos; Escuteiros das comunidades emigrantes na Suíça e no Luxemburgo integraram o Rayde100 nas procissões de Nossa Senhora de Fátima, em maio e junho. E no Algarve, em Beja, em Setúbal, em Lisboa, em Coimbra e, agora, na região de Aveiro, o caminho foi feito também por água, atravessando rios, navegando no mar ou na ria, com a intervenção dos escuteiros marítimos”, acrescenta.
O Rayde100 chegou a Ílhavo na noite de 9 de agosto, vindo de Aradas. No dia seguinte, o agrupamento de escuteiros de Ílhavo levou o testemunho até à igreja da Gafanha do Carmo, a partir de onde o agrupamento local o transportou até à Gafanha da Encarnação. A 11 de agosto, a luz chegou à Gafanha da Nazaré que, por sua vez, a entregou ao agrupamento da Praia da Barra. No dia 12, os escuteiros da Barra entregaram o testemunho aos escuteiros marítimos da Costa Nova que se encarregaram de o transportar, de barco, até Aveiro, de onde viria a partir para finalmente chegar ao Rover100 e, aí, terminar o seu percurso.
O Rover100 é a atividade que encerra as comemorações do centenário do Caminheirismo. Trata-se de um acampamento nacional que reúne, desde o dia 10 de agosto e até ao próximo dia 17, mais de 1500 Caminheiros, Companheiros e Aeronautas – consoante sejam escuteiros terrestres, escuteiros marítimos ou escuteiros do ar – no Campo Escutista de São Jacinto.