Foto: Câmara Municipal de Ílhavo

Como os encontros não se esperam, o caminhante levanta-se e continua.
Vai mais reflexivo com a última conclusão, e quase não repara no trajeto que leva.
Já está numa Rua Serpa Pinto, e pergunta: se está diante do homónimo de um outro Serpa Pinto, conhecido por explorar a África? Se sim, que outra “África” terá buscado este Serpa Pinto de Ílhavo, para ser digno de uma Rua?

São preocupações que o caminhante leva, e que se adensam quando passa pelo Beco do mesmo ou do outro Serpa Pinto, pelo Beco das Barreirinhas, pela Rua Prof. Pereira Teles, pela Viela do Salvador…

Vai ensimesmado, distraindo a ignorância com a imaginação fértil.

Se fosse Presidente de Câmara, estas desconhecidas Ruas e Becos deviam apresentar-se aos curiosos caminhantes, contar as suas histórias, convidar para entrar… Se fosse urbanista, experimentaria uma daquelas metodologias que encontram a vida nos lugares adormecidos…

De “se” em “se”, o caminhante é obrigado a voltar ao caminho, para se enternecer com o romance entre duas pessoas e um ramo de lírios que (quase) jazia num balde ao sol.

Não sabe se movido pela ternura do momento ou pela proximidade geracional, o caminhante cumprimenta o casal e, sem nenhuma interrogação mais erudita, pergunta para onde vai com o caminho?

Após este próximo Beco do Ramalheira, encontrará, primeiro à esquerda, a Viela do Mónica e, depois à direita, a Rua de João de Deus, para onde seguirá, se quer manter o périplo.
Aconselhado, está mais seguro do passo. Sem surpresa, vê a Viela e encontra a Rua por onde continuará, mas só depois de entrar na Tr. Filarmónica Ilhavense, esperando ouvir música.

Em silêncio, o caminhante concentra-se na urbanidade, achando que está a iniciar a Rua do princípio, só porque passa pelos Becos N.º 1, N.º 2, N.º 3… até ao N.º 12.
Aqui, para a decidir onde quer ir. Em frente, pela Rua Dr. Samuel Maia? À direita pela Rua do Curtido de Baixo? À esquerda pela Rua Ferreira Gordo? Sem nenhum banco onde deixar o cansaço e seguir, encosta-se com a perna na fachada de uma casa e fica a olhar.
Percebe que nenhuma daquelas Ruas, Becos e Travessas lhe vão dizer quem foram e quem são. O caminhante entristece-se com o fechamento deste Centro Histórico, e, dali para a frente, continuará, mas decidido a acordar rapidamente o lugar.

Tira o caderno e escreve algumas ideias para partilhar com outros caminhantes.

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