AFONSO RÉ LAU

A Heliflex, dedicada à produção de tubos e mangueiras, festejou 50 anos de atividade no passado dia 6 de setembro com um dia repleto de iniciativas e para o qual convocou toda a ‘família Heliflex’ – clientes, colaboradores e amigos da marca.

A manhã ficou preenchida com uma série de workshops e palestras, inaugurada por António Nogueira Leite, antigo secretário de Estado do tesouro e das finanças de António Guterres. Natural de Aveiro, “há muitos anos” que o professor catedrático em economia conhece a Heliflex e acompanha a sua atividade. Em dia de aniversário, veio à unidade da Gafanha da Encarnação falar da “inescapável globalização da economia” e das exigências e oportunidade de negócio que as atuais preocupações ambientais colocam ao desenvolvimento das empresas.

Para Nogueira Leite “não faz sentido pensar em negócios que não possam estar sujeitos à globalização”. No entanto, o economista alerta que para uma empresa atuar num mercado global, tem de se sujeitar aos desafios que o mercado impõe. Um desses desafios – talvez, o maior de todos – é a preocupação ambiental, com a urgência de implementação de medidas que possam ajudar a combater a crise climática e a enfrentar a escassez de recursos.

No que à economia diz respeito, acentua Nogueira Leite, a solução pode passar pela “circularização”, uma tendência em expansão que pressupõe a “reintegração de desperdícios nas cadeias de produção”. A Heliflex é um bom exemplo. A empresa tem vindo a instituir práticas de economia circular na produção e, nos últimos anos, tem colhido os frutos dessa opção.

Na Heliflex, “o reaproveitamento de resíduos já não é só uma alternativa pontual, é prática habitual”. Afinal, garante Rui Vieira, presidente do conselho de administração, “o produto final [proveniente da reintegração de desperdícios] tem características técnicas tão boas ou melhores do que os produzidos com matérias nunca utilizadas”.

Voltando ao programa de comemorações: José Covas interveio sobre o “futuro do material plástico numa ótica de sustentabilidade”; “Vozes Heliflex” fizeram-se ouvir numa sessão com testemunhos de funcionários e antigos funcionários da empresa; já durante a tarde, a Heliflex proporcionou uma visita guiada à unidade industrial com passagem pelos diversos setores da empresa. Por fim, um jantar comemorativo marcou o encerramento das comemorações do 50º aniversário da Heliflex.

Celebrar 50 anos de atividade é também olhar o futuro e perspetivar os desafios que se avizinham. O principal objetivo, afirma Rui Vieira, é “voltar a transformar a Heliflex numa empresa mundial, mas, desta vez, com capital 100% português”, assumindo a “vontade de fazer com que a empresa seja capaz de estar no setor enquanto líder”. Quanto a obstáculos, os maiores são mesmo a instabilidade dos mercados e a acelerada dinâmica da sociedade. “O que é verdade hoje, não é verdade amanhã. As mudanças são muitas e muito rápidas”. Ainda assim, Rui Vieira acredita que essas são contrariedades que a empresa vai vencer. “Estou confiante que vamos ter equipas flexíveis capazes de fazer face ao esforço de adaptação constante que a economia globalizada exige”. “É esse o nosso grande desafio para o futuro”, conclui.

Heliflex é “uma empresa cá da terra”

Há 50 anos, a Heliflex foi a primeira unidade a instalar-se na Zona Industrial da Mota, na Gafanha da Encarnação, inaugurando um espaço industrial que viria a expandir-se nas décadas seguintes. Ao longo dos anos, a empresa foi crescendo até ao ponto em que, nos dias de hoje, emprega mais de uma centena de colaboradores, trabalha com uma vasta carteira de clientes e está presente em mais de 50 países, contando ainda com filiais no Brasil, em Angola, em Moçambique, no Chile, em Marrocos e na Ucrânia.

Mas será que, cinco décadas depois, faz sentido uma empresa desta dimensão ter sede na Gafanha da Encarnação? Rui Vieira não tem dúvidas: “Claro que sim!” O responsável pela empresa recorda que “a Heliflex sempre teve uma posição socialmente interventiva e responsável”, tendo criado, ao longo dos anos, uma “forte ligação com a comunidade” ilhavense e, particularmente, com a Gafanha da Encarnação. “Não imagino a sede da Heliflex em nenhum outro lugar”, diz Vieira. “Na Gafanha da Encarnação até há uma rotunda popularmente conhecida como a rotunda da Heliflex”, afirma, orgulhoso. “Temos raízes nesta terra. A Heliflex é uma empresa cá da terra”.

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