O alerta foi dado às 6h39 do dia 19 de fevereiro, segundo o CDOS – Comando Distrital de Operações de Socorro – de Aveiro: uma casa de rés-do-chão e primeiro andar, onde morava um casal, estava a arder no Beco Arrais Piorro, em Ílhavo. O casal de residentes não teve ferimentos graves, mas o fogo destruiu-lhes a casa.
Joana Ribau trabalha a pouco mais de 100 metros da casa ardida, na farmácia Diniz Gomes e, naquela manhã, estranhou o facto de a rua estar cortada pela GNR. Quando a farmacêutica se apercebeu do sucedido, já “a casa estava totalmente destruída, só restavam as paredes”. Joana recorda que “até os barrotes que serviam de estrutura à habitação foram consumidos pelo fogo e eles [o casal de moradores] ficaram sem nada”.
Na caminhada até à farmácia, Joana Ribau tomou uma decisão. Ia agir! “Tenho de arranjar forma de amparar este casal”, terá pensado. Em poucas horas, contactou a proprietária da farmácia Diniz Gomes, que a autorizou a transformar o estabelecimento numa espécie de centro de operações e ponto de recolha; lançou, através do Facebook, uma campanha com vista à angariação de bens essenciais e começou a receber donativos.
“O mais urgente era roupa – às vítimas, restava-lhes a roupa que tinham vestida – e medicamentos”. Deparando-se com a pró-atividade solidária dos seus funcionários, a farmácia Diniz Gomes associou-se à campanha e prontificou-se a assumir os custos da medicação. A roupa também acabou por chegar, fruto da boa vontade de várias pessoas.
Rapidamente, a farmácia tornou-se pequena para a quantidade de bens doados, mas, uma vez mais, a solução estava a poucos passos dali. Zacarias Santos, da Tivol, cedeu o espaço contíguo à papelaria para depósito dos artigos.
Aquando do fecho desta edição, já havia sido entregue uma mesa de cozinha, cadeiras, uma cama, um colchão, cobertores, edredons e lençóis, mesas de cabeceira, tapetes, panelas, talheres, roupa, calçado e bens alimentares.
“Só falta mesmo uma casa”, lembra Joana Ribau. Segundo a jovem, a Câmara Municipal de Ílhavo “já deu luz verde”, comprometendo-se a apoiar o casal, que está a morar provisoriamente em casa de uma pessoa amiga, a pagar a renda de uma casa. Ainda assim, lamenta Joana, “tem sido muito complicado arranjar em Ílhavo um T1 para arrendar”.