AFONSO RÉ LAU

Já estão em curso, e deverão durar 12 meses, os trabalhos de requalificação do espaço urbano no centro de Ílhavo, compreendendo o Jardim Henriqueta Maia e a zona envolvente ao Pavilhão Municipal Capitão Adriano Nordeste. Uma intervenção que, pela sua envergadura, está a criar constrangimentos aos moradores e comerciantes com a interrupção da ligação viária entre a Avenida Mário Sacramento e a Avenida 25 de abril. 

Fernando Caçoilo diz que a zona em causa é o “coração da obra” e, nesta fase, “não há outra alternativa que não seja fechá-la para garantir a maior segurança na execução dos trabalhos”. O autarca aconselha os moradores a utilizar a zona da Malhada para os acessos de entrada e saída na Avenida Mário Sacramento, bem como ligação à Avenida 25 de abril. “Estimamos esta interrupção de trânsito se estenda por um período aproximado de 5 meses”, calcula.

Caçoilo está consciente que, “numa zona urbana como esta, o tempo é um fator fundamental”. Assim, e para evitar “períodos mortos”, a “intervenção desenvolve-se simultaneamente em toda a área da obra”. Foi por isso, aliás, que todo o perímetro da empreitada foi vedado e o trânsito entre as avenidas cortado. “É fundamental perceber e ter a consciência que esta é uma obra que vai causar algum transtorno ao quotidiano dos munícipes”, assume Fernando Caçoilo, garantindo, no entanto, que esta “é uma requalificação necessária para o centro da nossa cidade e que, no futuro, constituirá uma mais valia na fruição e vivência de cidadãos, comércio e serviços”. 

De facto, a promoção de uma melhor mobilidade e a redução da área de circulação automóvel no centro da cidade são alguns dos pressupostos principais desta operação de regeneração urbanística. No cruzamento da Avenida 25 de abril com a Rua Santo António, os antigos semáforos, já desativados, vão dar lugar a uma rotunda ovalada que garanta maior fluidez rodoviária e, por isso, menos emissões. Uma preocupação ambiental que se vê reforçada pela ampliação da mancha verde e pelos circuitos pedonais e cicláveis entre o jardim, o pavilhão desportivo e, numa fase posterior, o esteiro da Malhada.

Apesar de entender a obra como um todo, o presidente da Câmara Municipal destaca alguns pontos-chave, desde logo a nova praça para eventos ou cerimónias que vai nascer no terço nascente do Jardim Henriqueta Maia e na área vulgarmente conhecida como largo do bispo. “A definição do espaço [dessa nova praça] será feita por um novo pavimento e pelo alinhamento arbóreo adequado, tendo uma zona definida para aparcamento de veículos especializados para eventos”. 

Em janeiro passado, em entrevista a’O ILHAVENSE, o arquiteto José António Paradela, autor deste projeto de requalificação, avançava que a estátua do bispo D. Manuel Trindade Salgueiro seria relocalizada para as traseiras da igreja matriz. Uma informação relevante à data tendo em conta que as imagens que a câmara tinha divulgado até então não a confirmavam. Desta vez é o próprio presidente da câmara a afirmá-lo: “não existe qualquer tabu”, há “um acordo de princípio” com a Igreja e com a Junta de Freguesia de São Salvador para a relocalização da estátua para a zona referida, de forma a ficar junto à entrada para o novo Centro para a Valorização e Interpretação da Religiosidade ligada ao Mar. Caçoilo não duvida que “[a estátua] ficará muito bem enquadrada num espaço muito digno da cidade”.

O projeto prevê também um “reforço da figura simbólica” do monumento aos mártires da Grande Guerra, cuja dimensão e visibilidade, admite o autarca, “acabou por ser prejudicada pela subida do pavimento do jardim” na anterior intervenção de requalificação, nos primeiros anos da década de 2000. 

Esta empreitada de requalificação do espaço urbano no centro da cidade está inserida no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano do Município de Ílhavo (PEDU), que também inclui as obras de requalificação da zona envolvente ao CIEMar, do Bairro dos Pescadores, da zona envolvente à Piscina Municipal (intervenção prevista para 2021) e a reabilitação do antigo quartel dos bombeiros, obra em curso e que, segundo o executivo camarário, deverá estar terminada em janeiro do próximo ano.

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