Faz hoje, 15 de dezembro, precisamente 40 anos, diz-nos Maria do Rosário Breda “que três jovens resolveram fundar uma empresa dedicada à comercialização de materiais elétricos e eletrónicos, porque havia novas oportunidades de resposta, neste tipo de mercado, com tecnologias mais avançadas”.
Foi assim que nasceu a Bresimar Automação SA, sedeada em Esgueira, com uma delegação em Lisboa, no Tagus Park. A administração da empresa é hoje constituída por Carlos Breda, sócio fundador, Maria do Rosário Bartolomeu Breda e dois dos filhos de ambos, Carolina e João.
Nascida no seio de uma família de fortes tradições ilhavense e, apesar de ter casado e criado a empresa em Aveiro, Maria do Rosário nunca se desligou da terra que a viu nascer. Aqui vive, construiu casa e formou família.
A Bresimar que nasceu do espírito aventureiro de três jovens e que começou por se dedicar aos materiais elétricos e eletrónicos, passado algum tempo, com a alteração da sociedade, focou a sua atividade na comercialização de produtos para automação industrial, bem como no desenvolvimento de soluções de engenharia para a indústria.
A Bresimar tem atualmente 115 trabalhadores e um volume de negócios previsto para o corrente ano de cerca de 19 milhões de euros.
O cliente da Bresimar é a indústria em geral, privilegiando o mercado nacional, contudo com uma área de negócios com produtos desenvolvidos internamente e que se destinam tanto ao mercado interno como externo.
É com grande convicção que Maria do Rosário fala a O Ilhavense da empresa
● A Bresimar já recebeu alguma distinção?
Sim, a Bresimar já foi distinguida com o estatuto de ‘PME Líder’ e ‘PME Excelência’ relativo à solidez dos rácios financeiros e outros reconhecimentos como valorização da excelência das nossas práticas, onde estamos habitualmente no ranking nacional sobre ‘ As Melhores Empresas para Trabalhar ‘,o ‘Índice de Excelência’ e ‘Empresa Feliz’.
● É fácil conciliar as tarefas de empresária, mulher, mãe e avó?
Ao fim de todos estes anos a trabalhar, continuo no ativo, mas agora já não a tempo inteiro. Para além do marido e três filhos, tenho agora também três netos. Faço o possível por acompanhar o seu crescimento, guardando manhãs para os mimar, passear e aprender com eles a ser de novo criança. Sempre que os filhos precisam, a avó larga tudo e as atenções recaem na Matilde, no Bernardo ou no Afonso.
Sempre gostei da área financeira a que me dediquei, na empresa, ao longo destes anos, contudo neste momento, e a escassos anos da reforma, já delego muito trabalho para me poder dedicar a outras paixões na vida.
Apesar de passar muito do meu tempo na empresa, a Família sempre foi a minha prioridade. Com três filhos para educar, sempre tentei equilibrar trabalho com a família. Isso só foi possível porque, tanto eu, como o Carlos, procurámos criar um ambiente de grande cumplicidade entre todos, de mútua compreensão e apoio de que resultou uma interajuda que ainda agora se mantém.
● É difícil gerir uma empresa com a família?
O principal segredo para que essa coexistência tenha sucesso é o respeito que temos que ter pelo trabalho de cada um e o seu papel dentro da empresa.
● Maria do Rosário é também uma mulher solidária
“Já há longos anos que a Bresimar apoia Instituições locais, não só porque faz parte do nosso ADN, mas também porque pensamos que podemos e devemos distribuir um pouco da riqueza que geramos com o nosso trabalho, por quem mais precisa”.
● E o tempo chega?
A falta de tempo é uma desculpa, pois quando se tem gosto por aquilo que se faz, arranja-se sempre solução”.
● A sucessão na empresa já está assegurada?
Começámos a preparar a sucessão há cerca de cinco anos. Os nossos filhos antes de virem para a empresa, trabalharam em multinacionais, para adquirirem experiência e conhecimento e só depois ingressaram na empresa.
Foi feito um protocolo familiar para definir regras familiares e de governance para o futuro.
Sempre tivemos em mente fazer a sucessão na empresa atempadamente, para que nos pudéssemos retirar ainda ‘novos’ e com saúde para nos podermos dedicar a outras atividades que gostamos.
● Como vê a situação económica na região de Aveiro?
Temos na nossa região empresas de excelência, com grande capacidade de empregabilidade, mas que, como todas as outras, continuam sobrecarregadas com impostos e demoradas burocracias.
Por outro lado, precisávamos de melhores práticas e de bons exemplos de governação, mais competência, estímulo e rapidez nas decisões das instituições governamentais, adequadas para que os projetos de investimentos tivessem decisões justas e mais céleres”.
● Alguma história de vida para partilhar?
As adversidades que vão surgindo ao longo da vida, sobretudo a nível da saúde, vão-nos lembrando que afinal não somos eternos, somos uns meros mortais, e ensinam-nos a ser mais compreensivos, tolerantes e mais gratos com o que nos rodeia. Este pensamento advém de uma situação grave de saúde que ocorreu no seio familiar e que nos leva a meditar sobre quem somos, o que fazemos e como decidimos.
● Pertence a um grupo de mulheres empresárias. Tem usufruído desses contatos?
Pertenço a uma Rede de Mulheres empresárias do IAPMEI que é a “Rede Mulher Líder”, da qual fazem parte mulheres gestores executivas de excelente desempenho. Esta rede, é um meio facilitador de negócios, de partilha de experiências e com um ADN de entre ajuda muito valorizado.
● Quer deixar uma última mensagem?
Valorizar o que somos e partilhar o que temos.
Publicado no jornal O Ilhavense de N.º1315 de 15 de dezembro de 2022