A 12.ª edição do Festival Rádio Faneca decorreu entre os dias 6 e 8 de junho, com o 23 Milhas – projeto cultural do município – a propor a amizade como tema num ano em que reflete sobre identidade na sua programação anual.
Ao longo de três dias, foram mais de 60 os eventos gratuitos, destinados a pessoas de todas as idades, que registaram, de acordo com a organização, a participação aproximada de 34 mil pessoas. Centenas de ouvintes também acompanharam as 30 horas de emissão da rádio do festival, que emitiu em FM, online e em simultâneo com a Antena 3, num programa especial durante a tarde de sexta-feira.
Numa edição que convidou à «celebração da amizade enquanto exercício de resistência, à comunidade como força e à rede de vizinhança enquanto colo», as vias mais escondidas do centro da cidade voltaram a encher-se de pessoas com as Histórias nos Becos, cuja criação coube, este ano, a Ana Bento, que foi desafiada a trabalhar a partir dos testemunhos de pessoas imigrantes a residir em Ílhavo e das suas histórias de acolhimento por parte de amigos e vizinhos na comunidade local.
O projeto Casa Aberta, em que os moradores do Centro Histórico de Ílhavo abrem a desconhecidos um lugar às suas mesas, mas também para desenvolver um projeto artístico, este ano orientado pela cineasta Tânia Dinis, esgotou as inscrições. A artista propôs às famílias, lojas, associações e grupos de amigos que trabalhassem a partir do seu arquivo fotográfico e de memórias. Os resultados foram percursos expositivos pelos espaços inscritos, com retroprojeção, performances musicais, leituras ou dança.
Também nos becos, na Travessa da Filarmónica Ilhavense e na garagem da Drogaria Os Vizinhos, realizaram-se os concertos dos encontros PRAIA, que desafiaram dez artistas da plataforma de registo de artistas ilhavenses para criar em conjunto. Desta proposta, resultam três concertos e um registo documental, pelo artista plástico Emanuel R. Marques, cuja materialização será apresentada na Milha – Festa da Música e dos Músicos de Ílhavo, em novembro, altura em que estes concertos se repetem: Gabriel Teixeira, Paulo Santos e Pedro Carlos, o trio de Isabel Savitri, Larissa Goretkin e Renata Silva, e ainda parte dos Latin 5 com as Soul ID, em fusões que oscilaram entre a folk, o rock, o baile tradicional, a música popular colombiana e a pop. A 145 Townhouse, alojamento local que voltou a juntar-se ao festival, recebeu as atuações de Hasselberg e os Liftoff, de Óscar Graça e Feffery Davis. A Travessa Filarmónica Ilhavense acolheu ainda o concerto de Maria Café com a participação especial de Manuel Freire.
No Jardim Henriqueta Maia, onde estavam as atividades e jogos tradicionais para os mais novos, bem como um posto de Pulseiras da Amizade personalizadas, em que se pediram centenas ao longo de três dias, aconteceram os concertos e festas do Palco Jardim e do Palco Carlos Paião, onde atuaram Beatriz Pessoa, David Bruno, António Bandeiras, Benjamim, Jorge Palma e Beija Beija Soundsystem. Nota ainda para o percurso do Explorador Florentino, que percorreu os becos com escolas e famílias, e para o Mercadinho Porta da Bagageira, para a Venda de Garagem e para o mercado de audiovisual 45 Rotações e Imagem, três eventos em parceria com a Junta de Freguesia de São Salvador.
Na emissão de rádio, que decorreu durante 30 horas, efetuaram-se várias entrevistas, programas, uma emissão especial da Antena 3, momentos com as escolas, cerca de duas centenas de discos pedidos e uma conversa sobre a amizade. No Palco Rádio, atuaram Lisa Sereno, Valter Lobo e Tomás Wallenstein.
De acordo com a vereadora Mariana Ramos, responsável pelo pelouro da cultura, «são os amigos que nos desafiam a fazer sempre mais e melhor, são os amigos que nos desafiam a experimentar, são os amigos que nos forçam a voltar e é neste sentido de pertença, nestes laços que se criam, nesta força gigantesca e indelével que reside o espírito do Rádio Faneca, ponto de encontro e porto seguro».
«Em tempos de desumanização, o Festival Rádio Faneca procura continuar resistir a partir das ideias de proximidade, reciprocidade e partilha e da cultura como lugar de esperança», lê-se em nota de imprensa.
Sabe-se ainda que o festival regressará em 2026.