Estamos no Verão, logo chegam os “nossos” emigrantes, pessoal que, basicamente, foi fazer pela vida. As pessoas que estão nessa situação, aproveitam as suas férias para vir visitar os seus, para vir viver um pouco da terra que reconhecem como sua, mesmo que as raízes lá fora já estejam tão fortes que se deveriam sentir mais de lá do que de cá. Mas não, quem cresce por cá, mesmo que passe a vida a falar mal disto, ou não, mesmo que já tenha passado mais anos num país estrangeiro do que os que viveu cá, nunca deixa de sentir esta terra solarenga e descontraída como sua, como a sua terra. Portugal não se esquece!

Engraçado que quando vivemos cá nada disto é nosso, não é de ninguém, mas quando não estamos cá, fartamos de sentir saudades, das “nossas coisas”, especialmente aquelas pequenas, coisas simples mas particularmente nossas. E quem cá fica, de tanto conviver de perto com as coisas boas que temos, até se esquece. Quantas vezes é preciso chegar cá alguém que vem com saudades para lembrarmos que ali na Costa Nova existem uns camarões pequeninos, as “cabrinhas” ou “camarão da costa”, deliciosos com uma cervejinha a ver um jogo da bola. Não fosse quem emigrasse voltar todos os anos com saudades, até nos esquecíamos de parte das nossas pequenas coisas, que fazem disto um tão valioso retângulo. “Epah, sabes o que me tenho lembrado lá longe?” E pumba, sai alguma coisa que sabemos ser delicioso, mas que não nos lembrávamos há anos!

Nós, portugueses, somos gente de percorrer o Mundo – ainda não vi país onde não esteja um português ou uma portuguesa. Devemos receber bem quem vem de fora, tal como gostamos que recebam os nossos lá fora. E esta coisa de dizer que emigrantes são bons e refugiados são maus, vejamos: emigrar para ter melhores condições de vida é assim tão melhor do que emigrar à procura de não levar com uma bomba em casa, um tiro no meio dos olhos, ou pior ainda?

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