Os resultados do escrutínio de dia seis tornaram evidente a vitória dos socialistas, com mais mandatos, mais percentagem e a possibilidade de António Costa formar governo tendo 106 deputados eleitos. Falta apurar os círculos europeu e fora da europa, o que acrescentará, no máximo, dois deputados a este número. Pedro Nuno Santos, enquanto cabeça de lista por Aveiro, consegue a proeza de atingir os sete deputados, deixando os sociais-democratas com seis parlamentares e menos trinta e seis mil votos do que em 2015, quando concorreram coligados com os centristas. O distrito reflete a tendência nacional. E o concelho de Ílhavo?

No nosso concelho, devemos começar pelas legislativas de 2015. Há quatro anos, os sociais-democratas, coligados com os centristas, foram a escolha de 8.242 eleitores das quatro freguesias do concelho. Desta vez, o partido de Hugo Coelho recolhe 5.494 votos e o CDS 843 o que totaliza 6337. Feitas as contas, a descida geral dos partidos da direita parlamentar também se fez sentir em Ílhavo. E se existe uma outra tendência em termos nacionais – uma perda generalizada de votos por parte dos partidos fundadores do regime – essa não se fez sentir por aqui em relação ao PS. Os socialistas, que em 2015 granjearam 4303 votos, chegaram agora aos 5253, tendo conseguido a simpatia de quase mais mil pessoas.

Apesar de mais inscritos para votar, houve menos pessoas a exercer o seu direito e dever de voto. Em 2015, dos 36.104 inscritos, votaram 17.384 eleitores. No dia seis de outubro, dos 35.987 com possibilidade de votar, fizeram-no 16.848 ilhavenses e gafanhões. Esta tendência também aqui se manteve, pelo que a urgência de alterar a lei eleitoral, que a generalidade dos partidos trazia nos seus programas, com versões evidentemente diferentes, tem de avançar, sob pena de termos forças populistas e xenófobas a capitalizar o descontentamento de quem acha que o seu voto não é consequente. E em abono da verdade, à exceção dos maiores círculos eleitorais – Lisboa e Porto –, o aproveitamento que é feito de cada voto é cada vez menor. Não é razão para os níveis de abstenção que já atingimos, mas com certeza ajudará.

À imagem do que aconteceu no resto do país, também aqui a CDU viu o resultado encurtar. Perdeu 245 votos relativamente ao último escrutínio, passando de 801 votantes para 556, concorrendo também Ílhavo para a não eleição de Miguel Viegas. Em sentido contrário, seguindo a tendência nacional, o PAN alcança mais 454 simpatizantes – teve 249 votos em 2015 e agora chegou aos 703.

Por fim, as votações relativas às quatro freguesias do concelho. Convergindo para a vitória do PSD no concelho, os sociais-democratas venceram em três das quatro freguesias. Mais uma vez, a tendência manteve-se: sempre com menos votos em relação a 2015. Veja-se o exemplo da Gafanha da Nazaré: há quatro anos, os sociais-democratas chegaram aos 3169 eleitores, tendo tido quase o dobro do segundo classificado, o PS.

Desta vez, o partido de Caçoilo vence – na sua terra – com mais 65 votos do que os socialistas e com menos 1107 eleitores em relação a 2015. Veja-se outro exemplo: em São Salvador, depois de vencerem em 2015, coligados com os centristas, os sociais democratas ficam agora em segundo lugar, tendo – centristas e sociais-democratas – menos 759 votos do que os socialistas. Estes vencem com mais 209 simpatizantes em relação a 2015. Bastará que mantenham a tendência de subida.

2021 está aí à porta.

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