Existem invenções que desenharam a humanidade, que definiram o progresso e que deveriam ser lembrados. Pequenas coisas que, se calhar foram tão ou mais importantes como a invenção do controlo do fogo, ou a invenção da roda. Quantas vezes nos lembramos da importância que teve para humanidade que alguém, um dia lá muito atrás, se lembrasse de fazer uma agulha de coser? Sim, uma agulha, uma lasca de osso, quase certo, que com uma tira de pele, provavelmente, dava, a partir daquele momento, a possibilidade de fazer mangas, de fazer roupa com os contornos do corpo. De coser tiras de couro a fazer fios de outros materiais, passou-se a ter a oportunidade de se poder escolher o sítio para se viver, fosse um sítio quente, ou um sítio frio. Antes de se coserem pedaços de pele, antes de existir uma coisa tão simples e pequena como uma agulha de coser, as pessoas, primitivas, pois claro, limitavam-se a viver em locais onde bastava uma pele a cobrir o corpo de noite e, um pedaço de pele a tapar as miudezas de dia.
A partir do momento em que se podiam coser diferentes pedaços de peles, nos formatos que se quisesse, puderam fazer-se, não apenas roupas mais confortáveis e quentes, como também abrigos, utensílios de transporte, ou seja, tudo e mais um par de botas, literalmente. E de coser peles a criar deferentes tipos de tecidos, foi apenas tempo e ir dando diferentes usos à agulha, com materiais diferentes. Ainda hoje, se bem que agrupadas em máquinas, aos milhares, se vêm as agulhas, nunca perderam o seu efeito e objetivo e, pouco mudaram de forma. Um espeto comprido e fininho, com um fio agarrado. Genial!
As civilizações nas Américas, quando os europeus lá chegaram, tinham as suas civilizações, Incas, Aztecas, e tantas outras, com os seus próprios progressos, mas, não lhes era conhecido o uso da roda. Ou seja, é possível existirem civilizações, evoluídas, sem o uso da roda. Mas será que teriam conseguido fazê-lo sem… agulhas de coser?
Não é fácil imaginar a humanidade sem um utensílio tão pequeno e (aparentemente) banal como uma agulha, sem a possibilidade de coser pedaços de tecidos. Foi invenções de maior relevo na expansão da Humanidade, daquelas que permitiu aos rapazes e raparigas dos nossos primórdios, darem de frosques do Crescente Fértil, no Médio Oriente, onde o tempo é porreirinho mas dá um mau feitio do caraças ao pessoal que por lá vive. Pelos vistos, segundo a História, foi a partir de lá que as pessoas se começaram as expandir pelo Mundo, então, se desde sempre, por aqueles lados anda sempre tudo à galheta, também devem, desde sempre, existir por lá pessoas que querem é ir viver para onde o tempo possa até ser mais frio, mas onde não se apanhe tão mau feitio. E isso só seria possível se… Não se morresse de frio. E é aqui que entra a heroína destas linhas, a agulha de coser. Foi porque tinham roupas, agasalhos, tendas, sacos e outros utensílios, feitos com agulhas de coser, que foi possível que a Humanidade se espalhasse. Até ao limite de, alguns daqueles terem fugido tanto que se tornaram esquimós.
Existem pequenos confortos no nosso dia-a-dia que, de tão vulgares se terem tornado, nos esquecemos do privilégio que é ter o direito de os usar, do real valor que têm na nossa vida, no nosso quotidiano. Do quanto influenciam a nossa “humanidade”. Sem tantas pequenas coisas como este espeto com um fio seriamos simplesmente primitivos. Ou então seria um Universo muito alternativo, daqueles de filmes muito maus, com pessoal ao telemóvel, vestido com peles amarradas e sempre constipados, a fungar do nariz.
Tiago Morgado Soares

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