Vivo numa zona em que as 4 estações do ano estão sempre presentes, só que, umas abusam pelo exagero, e outras pecam por defeito. O Inverno é muito lindo para quem não vive cá e apenas o admira na televisão. Para quem vive cá não deixando de ser lindo pela sua brancura em dias de neve, torna-se extremamente chato para quem, como eu, a tem de limpar, por vezes enterrado nela até ao joelho, isto para ser simpático. Para além do frio que chega, por exemplo, aos 20º negativos e até mais (e estou a falar em graus centígrados), chega a tornar-se doloroso. Claro que as casas estão normalmente preparadas para estes casos, pelo menos as daqueles que podem pagar o aquecimento, neste caso bem caro. Mas, atenção que, como em casa não se governa vida, toda a gente (ou quase) vai trabalhar, ao contrário de Portugal em que um alto dirigente e empresário disse que os portugueses não querem trabalhar… pelo menos foi o que eu li em letras bem gordas na primeira página do JN. Com neve ou sem neve, por estas bandas “verga-se a mola”!

Também o Verão acaba por ser um bocado exagerado, cá por estes lados, acontecendo precisamente o contrário no Inverno em que as casas estão super-frescas, pelo menos àquelas de quem pode pagar o ar condicionado. Depois, sempre há aqueles malucos, como eu, que passam a vida no quintal junto ao fogareiro a assar sardinhas, congeladas, sim, porque aqui, ninguém é esquisito nem temos as traineiras a chegar todos os dias carregadas das bonitas e boas sardinhas, isto para além de outras delícias do mar e não só. Também o Verão se torna quente em exagero porque é muito curto e quente. Então, lá nos vamos contentando com um pouco mais de um calor tórrido e também porque, logo a seguir, vem a mudança da folha e, por conseguinte, a azáfama dos amantes das paisagens, das fotografias, dos pintores de telas. Claro que já perceberam que estou a falar do Outono.

Deixei para o fim a minha estação favorita, a Primavera, uma verdadeira paixão. Nem fria, nem quente e chega sempre carregada de intenções – florida, cheirosa, cheia de sol, convidativa ao passeio no campo, verdadeiramente feminina, pronta para ser admirada e amada por todos os que dela são amantes e gostam de usufruir nas sementeiras de quase tudo o que nos faz falta para viver. Eu, só pelo prazer de semear e falar com uma flor, penso até que na Primavera as pessoas se tornam mais simpáticas. Não sei se estou a pensar nos restaurantes em Portugal nesta época, ou se de facto é mesmo assim com toda a gente.

Depois do último Inverno, super-rigoroso cá por estes lados, falo em New Bedford, confesso que estou à espera da Primavera como do pão prá boca para me dedicar ao meu quintal.

E é curioso que só agora me lembrei que: vou ter muita relva para cortar!… Mas que grande treta. Paciência!

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