A sardinha consumida no festival provém de águas nacionais e foi adquirida nos portos de Matosinhos e Peniche // AFONSO RÉ LAU

A primeira edição – em 2017 – superou todas as expectativas da organização. Desde aí, este certamente gastronómico já se tornou num evento anual, sempre com o objetivo de “dar palco” e ajudar a afirmar a sardinha como o “produto estrela da comunidade piscatória artesanal da Costa Nova e de toda a região”.

Nesta que já é a 3ª edição, difícil só se for arranjar mesa. Acúrcio Santos, da APARA, anfitrião dos visitantes nos quatro dias de festival, estima ter recebido “à volta de 5 mil pessoas” de vários pontos do país e também do estrangeiro. “Eu estava à porta e recebia alemães, brasileiros, franceses, ingleses, espanhóis, alguns italianos e, claro, portugueses. Muita gente de fora da região que está de férias na Costa Nova”.

Servir tanta gente não é tarefa simples. Por isso, “na parte logística, a cozinhar, a servir às mesas ou a receber os visitantes”, a APARA conta com “cerca de 30 pessoas”.

Como não podia deixar de ser, o prato forte é a sardinha. Assada, com batata a murro e salada de pimentos para acompanhar, “mais de uma tonelada de sardinha foi consumida” nesta edição do festival. Ainda assim, este ano a organização fez uma experiência nova. “Pela primeira vez, fizemos uma degustação de cavala” que “correu bastante bem”. Este prato – duas cavalas escaladas e grelhadas – era servido como entrada à refeição principal e Acúrcio Santos diz ter tido “bastante procura”. Pela adesão verificada, esta é uma proposta gastronómica “para continuar em futuras edições”, assume.

A garantia da organização é de que “todo o peixe servido no festival é nacional” e adquirido diariamente pela Peixovar – parceiro da APARA e fornecedor do festival – “nos portos que o tenham disponível”. Este ano, refere Acúrcio, a sardinha “foi adquirida em Matosinhos e Peniche”.

O Festival da Sardinha da Costa Nova realiza-se com o apoio da Câmara Municipal de Ílhavo e da Junta de Freguesia da Gafanha da Encarnação.

“Confiantes no aumento das quotas”

Dias antes de arrancar o Festival da Sardinha, a ministra do mar, Ana Paula Vitorino, esteve no concelho de Ílhavo. À margem da 7.ª sessão do Ciclo de Workshops “Estratégia Nacional para o Mar 2030”, que decorreu no Parque da Ciência e Inovação, em Ílhavo, e que contou com sessões dedicadas à pesca e transformação do pescado e aquicultura e segurança alimentar, a ministra afirmou haver condições para se começar a pensar numa retoma “prudente” da pesca da sardinha, assumindo um “ligeiro aumento” das quotas de captura.

Com esta afirmação, a ministra do mar contraria recentes declarações do diretor-geral das Pescas da Comissão Europeia, em que este assinalava que o ‘stock’ em Portugal e Espanha estaria “em mau estado”. Para Ana Paula Vitorino, as tais declarações de João Aguiar Machado, devem-se a um “desconhecimento sobre os últimos dados que nós já temos, já analisámos, e que permitem com certeza termos aqui pelo menos uma base para pedirmos um ligeiro aumento daquilo que é a quantidade a pescar pelos nossos pescadores e pelos pescadores espanhóis”.

A notícia foi recebida na APARA “com enorme satisfação”. Acúrcio Santos recorda que “os últimos sete anos implicaram grande esforço e grandes sacrifícios aos armadores e pescadores”. Assim, a possibilidade de ir aumentando aos poucos a quota de pesca “permite a rentabilização da atividade das embarcações” que estavam “prestes a atingir o limite”.

A APARA, com sede na Gafanha da Nazaré, é uma das maiores do setor a nível nacional e das maiores associações de empresas com sede na região.

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