Há dias, reuni-me com amigos à volta de uma bela conversa, que tinha iniciado nas redes sociais e se estendeu para a esplanada de um café, num final de dia e na transição dos dias quentes e grandes para os mais pequenos e frios. Entre finos e tremoços, todos tínhamos uma palavra por Ílhavo e ninguém se privou de mostrar que há uma inquietação no ar: que cidade queremos para Ílhavo?

Deambulações individuais à parte, a conversa encaminhou-nos para o interesse de abrir o debate a toda a população, criando lugares informais de opinião e de sugestão, e revalorizando os espaços originais da cidadania participada – o pelourinho, a fonte, a rua, a praça, a calçada, o fórum, a taberna – e, também, a prática europeia de construção da cidade: a política, entendida como a arte de governar a cidade (politiké) desenvolvida pelos seus próprios cidadãos (polité) ou estados / grupos (politikos).

Para o grupo de amigos, pese embora os dias pequenos e frios que iam avisando a chegada, Ílhavo já tem maturidade suficiente para se pensar como a cidade que quer ser, chamar, ao centro (polis), os seus cidadãos, indivíduos (polité) e grupos (politikos), e projetar-se, com toda a sua história e sentidos de mudança, para o amanhã que já aí está (quer se queira, quer não).

Por (dever) existir uma dialética entre a decisão e a ação, sobretudo quando se encontram tantas certezas sobre as incertezas, como de incertezas sobre as certezas, tentámos dar o pontapé de partida, ensaiando algumas questões-tópicos sobre que cidade queremos para Ílhavo.

JUVENTUDE

Ao contrário da tendência nacional, Ílhavo não está a perder muitas pessoas e o seu índice de envelhecimento é dos mais baixos da Região de Aveiro.

Neste sentido, coloca-se uma questão: onde estão os jovens de Ílhavo, não só a juventude escolar, mas também os jovens adultos? Como se divertem, o que fazem, como atraí-los e fixá-los na cidade? O interesse por este tópico foi formalizado pela recente petição “mude-se”, que reclamou uma vida cultural noturna adequada às sociabilidades juvenis e adultas.

CENTRO HISTÓRICO

Acompanhando o investimento nacional na reabilitação dos Centros Históricos, no âmbito do QREN, Ílhavo definiu um perímetro histórico, requalificou-o fisicamente, promoveu e apoiou uma associação e uma iniciativa cultural para a sua valorização e experiência. Não obstante, a história do centro continua fechada nos Arquivos históricos da cidade e em formatos que não são comunicativos e significativos para as gerações que serão a cidade amanhã.

INOVAÇÃO

Também acompanhando o investimento nacional na inovação e empreendedorismo no âmbito do QREN, Ílhavo integra, hoje, no seu território, um Parque de Ciência e Inovação e dois centros de investigação ligados ao Mar, os quais são fatores do desenvolvimento social, económico, cultural e educativo da cidade, devido aos seus outcomes diretos (investigação científica, desenvolvimento tecnológico, empreendedorismo), mas sobretudo aos seus inputs, em particular, a entrada de pessoas altamente qualificadas e, com elas, de novas experiências e conhecimentos sobre os sistemas científicos, tenológicos e de inovação e empreendedorismo, vindas de todo o mundo.

Para nós, amigos sentados à mesa de uma esplanada, a cidade que queremos para Ílhavo depende do Ílhavo que existirá na cidade durante os próximos anos.

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