AFONSO RÉ LAU

A Vista Alegre acolheu, de 19 a 22 de novembro, o ENEG – Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento –, um congresso organizado pela APDA – Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas.

O grande objetivo era debater o futuro da gestão da água em Portugal e os desafios que os serviços ligados à água e ao saneamento vão enfrentar no contexto do novo quadro comunitário de financiamento para 2030.

Com perto de 650 participantes, 200 comunicações e palestras, 7 “mesas redondas”, visitas técnicas às ETAR do Carvoeiro e de Ílhavo, uma exposição com dezenas de stands e várias reuniões de empresários do setor, esta foi a primeira vez que o evento, que se realiza de dois em dois anos desde 2001, aconteceu fora de uma capital de distrito.

Na sessão de abertura, o presidente da Câmara Municipal de Ílhavo saudou esta “opção pela descentralização”, admitindo que a aposta pelo município de Ílhavo por parte da organização do ENEG “é um reconhecimento do trabalho e da confiança da autarquia”.

Fernando Caçoilo aproveitou ainda para desafir o Ministro do Ambiente e os participantes neste encontro a debaterem a importância da temática da água no próximo quadro comunitário especificamente no que diz respeito à falta de investimento no saneamento de águas pluviais. No entender do autarca ilhavense este setor deverá merecer maior atenção e valorização no âmbito do “Portugal 2030”.

Gestão da ria vai continuar na administração central

A empreitada de desassoreamento da Ria de Aveiro continua ativa. No mês de novembro, tiveram início as dragagens no canal de Mira, entre os Cais dos Pescadores da Costa Nova e a ponte da Vagueira. A repulsão de sedimentos está a ser conduzida diretamente para o mar numa zona ligeiramente a norte do parque de campismo da Costa Nova.

Neste contexto, o que também continua ativa é a discussão quanto à gestão da ria. Os municípios da CIRA reclamam uma governança local partilhada; o Governo que, já anterior legislatura deixou este dossiê na gaveta, não demonstra qualquer interesse em sequer discutir o assunto.

Na visão do ministro do Ambiente, que falou à margem do ENEG – Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento -, na Vista Alegre, a Ria é, “indesmentivelmente, um valor nacional”. Quanto a reivindicação dos municípios da região de Aveiro, Matos Fernandes garante que “[os municípios] serão sempre parceiros na gestão da ria, mas, para já, aquilo que queremos é levar até ao fim a empreitada de desassoreamento ansiada há tantos anos”.

Presente no mesmo encontro, Fernando Caçoilo diz que a “resposta do ministro foi um ‘nim’ [nem sim, nem não]”. Ainda assim, não tem muitas esperanças. “Se o problema fosse para ser resolvido, já o tinha sido na legislatura anterior. Mas não foi, apesar de nos ter sido prometido.

Esperemos que, ainda nesta legislatura, esse problema venha a ser resolvido de uma forma que vá de encontro aos anseios da região, dos municípios e do ecossistema”, espera Caçoilo. O valor da proximidade e do afeto são, na visão do autarca ilhavense, essenciais: “O ambiente precisa de quem olhe para ele com sentimento. Quando se trata da nossa terra gerimos as coisas com mais preocupação e carinho”.

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