Poema e ilustração de Tiago Mendonça Oliveira
Espreitava na janela
Cinzento, malhado o gato
Procurava o homem na aguarela
Pela cor da presa, o rato
Curioso lá espreitava
Olho verde ao sol aberto
O rato que procurava
Pelo queijo de certo, perto
Amarelo não era o vidro
Não tinha tom nem travessia
Ansioso esperava o gato
Caçar o rato, presa que via
Era o queijo já roído
Na armação do Homem nu
Que de longe olhava o gato
A correr atrás do cu
Não se riu então o Homem
Nem sequer malhado o gato
E o queijo lá se foi
Na goela, morto o rato
Espreitava na janela
Pela chuva que caía
Não no gato, na lapela
Do nu Homem que sentia
Assim tocou a música
Que se ouve na partida
Quer do Homem, quer do bicho
Seja noite, seja dia.
Seja dia, seja noite
Deste lado da janela
Já se cheira a cobardia
Do queijo na goela.