Feita a festa do aniversário, O Ilhavense regressa ao seu quotidiano quinzenário, abre a janela e volta-se um pouco mais para fora de si, como deve ser.

Assim, nesta edição,  lançamo-nos no destaque a esta coisa da vizinhança e da proximidade – conceitos muito caros a um jornal com a porta aberta e com muitos “tus” na sua lista de contactos. Conversamos acerca do recente projeto Laboratório de Cidadania pela Proximidade em Ílhavo com José Carlos Mota, um académico que não se deixa assustar pelo seu objeto de estudo, a rua, as pessoas, e cuja disponibilidade para por as mãos na massa e arriscar a prática da sua teoria venho a admirar há vários anos.

Existe nesta abordagem experimental, e sobretudo pessoal, que olha para as relações que se estabelecem num lugar como o elemento fundamental da sua estruturação, uma grande lição a retirar, sobretudo num tempo em que o gigantismo dos grandes números nos empurra constantemente para uma miopia escandalosa que nos impede de olhar para as ruas por onde andamos. Julgo que as ligações de afeto que um jornal local como este também procura cuidar têm um papel fundamental a cumprir para contrariar uma certa mudança de temperatura do mundo, que aquece onde não deve e vai gelando onde não pode.

Acabamos com uma questão a que nunca me furto quando em conversa com pessoas da Universidade de Aveiro – o que se poderia fazer para aproximar a Universidade de Ílhavo, e vide-versa? Ouço há muitos anos falar de uma residência de estudantes em Ílhavo. É difícil não imaginar o que isso não faria pela cultura, pela economia, pela vivacidade da comunidade. E, já agora, por uma universidade que tem no alojamento dos seus alunos um dos seus maiores desafios.

Enfim, há aniversários que só nos põem a remoer o passado, mas este pelos vistos deixou-nos com muita fome de futuro. Venha ele.

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