Nós somos mesmo feitos de muitos sangues diferentes, temos mesmo origem em povos de muitos tipos. E houve, desses, quem cá deixasse sangue muito trafulha. Deve-se sublinhar sempre que a maior parte dos portugueses são trabalhadores, honestos, solidários e prestativos em alturas de desgraça (principalmente se aparecer nas notícias de vários canais diferentes ao mesmo tempo). Quando acontece uma desgraça qualquer, há sempre muita gente a querer ajudar, aparecem sempre pessoas a apoiar como podem.

Também costuma ser verdade que, depois da poeira assentar, quando já não há câmaras por perto, aparecem meia dúzia de chico-espertos a quererem tirar proveito da solidariedade com a desgraça acontecida. E se quando a desgraça inicial acontece todos aparecem a apoiar, depois, quando acontece esta desgraça subsequente (sim, tirar proveito de uma desgraça, principalmente se for alheia, não é menos desgraça, não pode ser), já parece que não tem importância nenhuma, ou pouca pelo menos. Não se vêm manifestações a pedir que se saiba quem é que anda a roubar o dinheiro que foi dado, não raras vezes com esforço, para apoiar quem precisa realmente. Mesmo sendo apenas uma pequena parte dos portugueses que internalizaram a trafulhice no seu quotidiano, e não podemos começar a pensar que não é uma minoria, a outra parte parece que olha para isso como relativamente normal. “Eu durmo de consciência tranquila, por isso…”. Mas não, não devíamos dormir de consciência tranquila, a saber que existem pessoas humildes que não conseguem receber o apoio que já foi dado e com gosto, por tanta gente anónima.

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