Maria José Santana (Diretora d'O Ilhavense)

O tema veio à baila numa conversa com um historiador. Dizia-me ele, a propósito de uma investigação que havia desenvolvido, que os jornais da terra tinham sido a sua principal (senão a única) fonte de informação. “O que estás a escrever hoje, vai ser história daqui a 30 ou 50 anos”, alertava-me.

Confesso que nunca havia dedicado muito tempo a esta questão. Andamos sempre tão concentrados em dar nota da atualidade, estar em cima do acontecimento, levar a informação ao nosso público o mais rápido possível, que nem pensamos que este momento que hoje escrevemos será a história amanhã.

Efetivamente, acho que só passei a ter plena consciência disto quando fui desafiada, em abril deste ano, por um grupo de cidadãos ilhavenses a ajudar a salvar este jornal. Mais do que ser parte da história de Ílhavo, O Ilhavense tinha ajudado a contar essa história. E, certamente, que não será difícil apontar episódios que só aqui, nas notícias que foram sendo dadas à estampa, estarão registados.

Ílhavo não podia perder este importante agente e simultaneamente relator de história. E não perdeu. Melhor ainda: a cada dia que passa, a cada edição desta nova fase, estamos a dar pequenos passos para O Ilhavense do futuro: o jornal renovado que vos queremos apresentar no centenário. Nesta edição que antecede o nosso 98.º aniversário – no dia 20 de novembro completamos mais um ano de vida – estreamos uma nova rubrica, tentando ir cada vez mais ao encontro dos nossos leitores.

Um espaço que é seu e que visa dar nota daquilo que vai afetando, positiva ou negativamente, o nosso concelho. “Num clique”, diga-nos o que vai mal na sua rua, no jardim da sua freguesia, na praça da sua cidade. E não deixe de nos dar nota também das coisas boas, factos positivos que também merecem ser do conhecimento público.

É mais um passo que damos nesta caminhada rumo ao centenário, sabendo que o caminho ainda é longo e que há umas quantas subidas e descidas pela frente. Mas estamos prontos e motivados para a caminhada. E cheios de ar nos pulmões para apagar as velas – 98, imaginem só.

Numa altura em que tanto se fala na grande ameaça do digital e do potencial desaparecimento do papel, também vamos reformulando a nossa presença online (já nos segue no Facebook e no Instagram?), sem perder o foco na edição impressa. Acreditamos no melhor dos dois mundos: continuará a haver lugar para o papel mas também é cada vez mais importante reforçar a nossa comunicação mais imediata e instantânea. Os tempos assim o exigem. A informação circula a uma velocidade estonteante (as redes sociais têm uma grande quota parte de responsabilidade) e, hoje, qualquer cidadão tem nas suas mãos o poder de tornar público um qualquer acontecimento.

Em vésperas de aniversário continuamos inspirados pelos ilhavenses de ontem, como os que relembramos nesta edição – Mário Sacramento e o capitão Francisco Leite – pela pena de Senos da Fonseca e Ana Maria Lopes. São os feitos dos nossos antepassados que nos ajudam a acreditar que vale a pena.

E por falar em aniversário, aqui ficam os parabéns ao CASCI, pelo trabalho que têm feito em prol desta terra e dos seus cidadãos. A festa de aniversário aconteceu no passado dia 9 de novembro (ver páginas 10 e 11) e serviu para comprovar aquilo que já sabíamos: o mérito desta instituição é grande e deve ser motivo de orgulho para todos nós.

Parabéns a vocês! Parabéns a nós!

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