Artur Aguiar, advogado e antigo presidente do Illiabum Clube
(Parte 1/2)

Permitam desejar um bom ano de 2020 e que este traga a todos os leitores d’ “O Ilhavense” e às pessoas em geral, saúde, felicidade e a certeza de que tudo faremos para a merecer, sé é que isso existe.

Sucede que no pretérito dia 1 de Dezembro o Illiabum Clube contabilizou mais um aniversário, mais concretamente completou 76 anos.

Daí a coincidência deste artigo que pretendi publicar dando tão só uma opinião, sincera e apenas com um intuito: que todos quantos desejem, participem na vida associativa do nosso Concelho de Ílhavo, nas mais variadas associações, quer de cariz desportivo, cultura e social em geral, sendo que todas estas vertentes se misturam.

Entendo que a sociedade faz-se dessa participação, desse empenho cívico que, transportando para vivência comum, adiciona um pouco de cada um de nós, o que é sempre positivo, desde que constitua uma forma simples, sincera e sem qualquer outro interesse que não o de participar, de fazer ou ajudar a fazer mais e melhor.

Se esta participação faltar ou ficar resumida a cada vez menos intervenientes, tudo acabará por definhar e, assim, será a própria sociedade a ficar mais pobre.

A comunicação é sempre um veículo importante para trazer às pessoas a informação e, muitas vezes um pedido de que não se adormeça e não se espere que as instituições façam algo por nós, mas sim nós é que devemos perguntar o que podemos fazer, acrescentar algo em prol da melhoria de condições de vida, muitas vezes a quem mais necessita.

A comunicação, hoje, faz-se tanto e de tantas formas que seria petulante a opinião de que esta mesma que agora publico possa ser a melhor ou a mais informada. Não será, mas é a que, de forma cordata, empenhada e desinteressada aqui fica. Sem ridicularizar, sem acicate ou discussões sem interesse, muito menos sem instalar ódios sem qualquer justificação, pois tal atitude será sempre desprezível e sem qualquer dignidade.

Bem sei que o mais fácil – para alguns – é o refúgio nas redes socais, tantas vezes escondendo-se ou no anonimato ou a coberto de identificação falsa, enfim, como dizia recentemente Clara Ferreira Alves “sendo a discussão pública o palco onde predominam as emoções, estas acabam por servir de esconderijo, onde se acoitam o insulto, o sadismo, o voyeurismo, o rancor, o ódio, a mesquinhez”. Tudo o que não devemos pretender ou fazer.
O que aqui pretendo trazer é um apelo, um desafio frontal.

Um desafio à participação activa de todos nas agremiações do Concelho. No caso nas agremiações desportivas, toda elas importantes no tecido social. Sejam quais forem, desde o futebol, ao Andebol, ao atletismo, ao ciclismo enfim, a qualquer modalidade, obviamente e em particular ao Basquetebol, também e, de forma especial, para que participem na vida do Illiabum Clube.

Penso ser de justiça, sem entrar em competição parva ou sem sentido, aqui dizer que o Illiabum, pela sua história, pelo seu passado e mesmo presente, atento o que tanta gente fez e conseguiu trazer até hoje ao clube, merece destaque.

Na verdade, tantos homens e mulheres, tantos meninos e meninas, tantos atletas, dirigentes, sócios e apoiantes, tantos patrocinadores permitiram que o Illiabum conseguisse chegar até hoje e já com 76 anos, portanto, uma vida tão longa.

É sabido que, sem nenhuma parangona ou tentativa de se colocar acima do que é, o Illiabum tem levado o nome de Ílhavo a todo o país de forma bem impressiva, através, sobretudo da modalidade que hoje pratica e de que é um dos históricos – o Basquetebol.

Pela sua história, pelo seu passado e presente é justo dizer que o Illiabum é a instituição mais renomada da cidade e do Concelho e isto apenas para falar da modalidade desportiva em questão pois que, num passado de algumas décadas atrás, o Illiabum confundia-se para o bem com a própria cidade, com o Concelho e mesmo em parte do país, tal a actividade recreativa e cultural que desenvolveu, graças a tantos e tão ilustres ilhavenses, dirigentes, sócios e simpatizantes.

Recentemente o Illiabum conquistou ainda mais o direito a ser lembrado e reconhecido a nível nacional. Desde ter conquistado títulos nacionais a nível sénior e nas camadas jovens, para além de inúmeros títulos distritais, há apenas dois anos conquistou um troféu que muito poucos clubes têm no seu palmarés e que muitíssimo poucas cidades e Concelhos se podem orgulhar, que foi a conquista da Taça de Portugal em que defrontou, numa final épica, um colosso nacional – o Benfica.

Tudo isto deveria mobilizar muito mais as pessoas, os sócios os dirigentes e a comunidade em geral, entendo eu. Porque assim não tem sucedido, algo vai mal e temos de alterar este estado de coisas. Algumas perguntas e desafios:

Que razão existe para que o clube, em meu entender, esteja votado quase ao abandono? Que razão existe para que uma comunidade que tem um clube a competir no mais alto escalão nacional da modalidade – e veja-se que sem que tal seja algo de excepcional, a verdade é que nenhuma outra modalidade de qualquer agremiação do Concelho o conseguiu até hoje – para que haja tanto desinteresse, falta de empenho e participação? Quantas pessoas se interessam pela vida, real, do clube? Quantos se inscrevem como sócios e aparecem nas assembleias gerais e apresentam listas de candidatos aos órgãos sociais?

Creio que apenas por uma razão: ninguém, ou melhor, poucos são, os que querem sair do conforto de sua casinha e do seu sofá, sendo mais fácil dedilhar e passar pelos Facebooks e Twitters do que participar, aparecer, fazer. Chegam a dizer que os dirigentes não querem, que os atletas são isto ou aquilo, que os treinadores são fracos (?!). Acaso alguém se preocupou, por exemplo, em perceber em que condições a actual equipa treina? Conhecem a gritante falta de condições mínimas que o pavilhão tem? A impossibilidade de treinar quando o tempo fica mais quente e chuvoso durante dias e dias, semanas a fio, até sucederem inundações, algo inacreditável, invadindo o interior do pavilhão? Sabem o estado em que se encontram os balneários? Como explicar a falta de limpeza e a imundície em que se encontra o pavilhão, as casas de banho, os próprios balneários? Tudo isto deve e tem de ser alterado.

Questão decisiva: Quem se preocupa em saber como se consegue encontrar orçamento e os meios para que uma equipa, minimente decente, possa competir na Liga de Basquetebol, com Sportings, Benficas, Portos e outros? Alguém se questionou quanto custa estruturar e manter viva uma equipa nesta competição?

Ora é aqui que pretendo chamar todos quantos entendam ser altura de dizer “basta” e vamos empenhar-nos, concretamente e não apenas como treinadores de bancada ou como comentadores das redes sociais em que nada se acrescenta e, muitas vezes, apenas se diz mal por dizer, sem fazer nada ou apresentar nada que acrescente e faça melhor. Não basta alguns de nós aparecerem nos jogos para aplaudir ou assobiar.

Daqui dirijo o convite e apelo a todos os que se identifiquem com o Illiabum Clube para que levantem e criem uma onda de brio e bairrismo – sem nunca atacar quaisquer concorrentes, ou outras instituições, mas apenas para que o Illiabum seja maior e melhor – conseguindo que seja cada vez mais forte e considerado.

A sociedade já percebeu (pelo menos em outras paragens) que o desporto em si mesmo é um veículo de enorme atração e congregação de vontades que pode e faz o bem, desde que gerido com critério e com ideia de agregação comunitária onde, obviamente, a competição, a rivalidade e o bairrismo podem existir de forma sadia.

Afirmo, sem rodeios, que Ílhavo pode ser, se assim pretendermos todos, um caso sério nesta modalidade do Basquetebol que começa a ter cada vez mais e maior audiência e visibilidade.

Tudo sem embargo de entender que, sendo obrigação dos clubes fazerem por isso, tanto falta fazer por parte da Associação de Basquetebol de Aveiro e da Federação Portuguesa de Basquetebol que devem estruturar esta modalidade com um único fito: criar condições aos clubes para desenvolverem uma modalidade cada vez mais competitiva, dispensar os custos enormíssimos impostos aos clubes e não privilegiar tantas sinecuras e tantos outros gastos de organização e pessoal, tantas vezes sem justificação, sobretudo quando, como agora e, diga-se, aliás, desde sempre, tem meios para existir que lhe foram entregues, mais uma vez, pelo Estado em forma de acesso e proveitos nos resultados financeiros do jogo e apostas. É justo referir que muito tem sido realizado pela FPB, mas muito falta fazer.

Como fazer para que o Illiabum possa ter orçamento e meios, para ser estável e competir ao mais alto nível elevando ainda mais o nome da Cidade e do Concelho?

Como pode o clube trilhar um caminho onde acolha jovens de todas as idades, meninos e meninas – sendo aqui a grande razão de ser dum clube, em minha opinião – em que todos almejem e gostem de, um dia, poder ascender à equipa principal?

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