(Parte 2/2)
Estruturando uma ideia. Logo a começar pelos pais, tem de haver um envolvimento claro e um interesse em que os filhos possam abraçar esta modalidade.
Os pais devem ser interventivos no seu empenho para ajudar, mas jamais podem/devem intervir num jogo em que os seus filhos participem. Isso é para os treinadores, para os árbitros, para os dirigentes.
Os pais devem transmitir aos seus filhos o gosto pelo símbolo do Illiabum Clube, criar identidade, fazê-los perceber que se devem empenhar e trabalhar para serem cada dia melhores, aceitando as derrotas e vibrando com as vitórias, joguem 40 minutos ou 1 segundo. E que não desistam por nada ou amuem. Será a preparação para vida adulta.
Que passem aos seus filhos que não se pode desistir por um qualquer amuo, capricho ou imposição. A educação é uma obrigação dos pais, que não podem ser comandados pelos filhos numa total inversão do que entendo ser educação, tantas vezes levando a que, por uma birra do menino ou da menina, se mude de clube, normalmente, numa atitude que acabará por revelar-se uma tontice.
Quanto aos sócios, será que não é possível levantar uma onda de interesse e fazer com que tantos sócios voltem a ser pagantes e tantos outros possam inscrever-se como sócios? A começar pelos pais ou, no mínimo, um ou dois sócios por família?
Será que para cada um de nós, como sócio, pagar uma quota de 50 euros anuais é algo assim tão pesado? Bem sei que falar em valores pode ser perigoso, pois cada um sabe de si. Mas o que sei é que, na esmagadora maioria dos casos, se fizermos um pequeníssimo esforço e pouparmos num café por dia, em dois ou três cigarros ou numa cerveja, facilmente pagamos a quota anual ao Illiabum Clube. Que interessam “histórias/desculpas” que se contam e justificações que se criam apenas para não pagar ou deixar de ser sócio? Porque o dirigente X ou Y fez isto ou não fez aquilo? Que interesse tem isso? Acham que se fosse assim, o IC chegaria aos 76 anos? Acham que é possível ter uma equipa numa competição ao mais alto nível que existe no país e achar que pagar cinco euros para assistir a um jogo é demasiado? Quanto pagam para assistir a um jogo de futebol? E a um espetáculo? Ou os “adeptos” que assim pensam acham que tudo tem se ser de borla e que já ajudam muito o clube? Claro que tecer críticas a direções não deve ser o foco. O que interessa é a instituição. Aqui fica o desafio – vamos trabalhar para ter, no mínimo, 1 000 sócios pagantes?
Os poderes. Deixo claro que defendo não dever ser, apenas, a Câmara Municipal a sustentar a vida dos clubes, sejam eles quais forem.
Porém, quer a Câmara Municipal (sendo justo dizer que tem apoiado o Illiabum, embora não na proporção que entendo ser devida, mas essa é uma luta que seguirá em frente), quer a Junta de Freguesia de S. Salvador têm a obrigação de contribuir e de forma importante, para que o Illiabum possa desenvolver a sua actividade. Quer porque leva o nome da cidade, da freguesia e do concelho a todo o país (sim, a todo o país, sem excepção, o que não sucede com mais nenhuma agremiação), seja porque o desenvolvimento do desporto é algo que deve fazer parte dos programas políticos o que, infelizmente, não sucede, apenas por decisões, normalmente, pouco ou nada esclarecidas por parte de quem manda. Para os políticos, o desporto pouco mais é do que “dar” algum dinheiro, mandar executar uns relvados, em tempos, uns pavilhões, mas sem qualquer ideia estruturada e pensada. Se, para os poderes, esta ideia for errada, isto é, se o que defendo acerca do Illiabum quanto à importância que tem e deve ter é uma treta, então que o digam em praça pública para que se conheça bem o que cada um pensa. Posso estar profundamente errado e não se fala mais nisso.
Ora “dar” dinheiro é o mais fácil, até porque, convenhamos e sejamos directos – sempre com o mais elevado respeito pelos dirigentes eleitos – o dinheiro é da comunidade, dos contribuintes que pagam os seus imposto, as suas taxas, enfim, sustentam o poder que, depois, tem obrigação de devolver o que recebe e, claro, numa parte que deveria ser significativa, também ao desporto e a quem o desenvolve.
Política é fazer, é ter opções e, no caso, as opções têm sido tantas vezes erradas ou inexistentes. No caso da Câmara Municipal, tanto pode ser ainda melhorado quer quanto à comparticipação financeira, quer quanto a outras questões. Por exemplo: obras urgentíssimas. Lamento a situação de total abandono do pavilhão municipal, decrépito, com uma iluminação do século passado, com um telhado de amianto, prestes a ficar sem o mínimo de condições para receber alguém, sobretudo, quem pratica desporto. Fica o apelo para uma intervenção de fundo. Será assim tão caro e dispendioso comprar aquecedores que, permanentemente, estejam no pavilhão para aquecer e possibilitar treinar e jogar, sabendo-se o local em que está construído o pavilhão? Será assim tão caro comprar novos painéis de informação e resultados onde se consiga perceber o tempo, o resultado, as faltas, sem estar permanentemente a apagar e a ligar? Que idade tem esse equipamento? O pavilhão não é um equipamento municipal?
No caso da Junta de Freguesia de S. Salvador, não se compreende como é possível ter o orçamento que tem e dedicar apenas umas esmolas ao desporto, neste caso ao Illiabum Clube. Pergunto: onde aplica o dinheiro que tem? Como justifica a existência como instituição? É algo inacreditável, mas que, em minha opinião, diz muito de quem a dirige, isto é, da total falta de apoio, sério e significativo ao IC que deve ser exigível.
Se assim continuar, isto é, com a falta de apoio estruturado e esclarecido, por parte dos poderes, é mais do que certo que todas as instituições definharão em breve e a muito curto prazo, pois deixará de existir a vontade de ser dirigente (aliás, como parece estar a suceder no caso do Illiabum Clube) e com tantas outras instituições.
Senhores presidentes, convoco-os a discutir esta questão que envolve todos os clubes e, particularmente, que ao Illiabum sejam atribuídas condições para que possa ser cada vez mais forte e fazer com que todos nos sintamos orgulhosos de ter um clube que desenvolve uma modalidade que não é apenas futebol que, como se sabe, tudo seca à sua volta e tudo leva como apoio. É importante que uma sociedade seja equilibrada até nas modalidades que desenvolve a nível do desporto e dos clubes. Veja-se a maioria dos países quer da nossa dimensão, quer os mais pequenos e maiores. Todos têm modalidades pujantes, desde o futebol, ao Andebol, ao Basquetebol, ao Atletismo, com estádios e pavilhões cheios. Porque razão é assim e entre nós não é?
Por muitas razões, desde logo, pelo entendimento enviesado e atávico que se tem do que seja o desporto. Mas também pelo envolvimento de sponsors, de patrocinadores. Bem sei que é difícil, por vezes, as empresas aportarem meios aos clubes, a não ser ao futebol e, mesmo aí, começa a ser difícil. Aqui pode e deve entrar a influência – que não se confunda com actuação pouco clara ou promíscua, o que sempre se refutará – sã dos poderes para chamar o tecido empresarial a patrocinar, a ajudar e a envolver-se no desporto, na sociedade, mostrando-se interventivos e participativos e tendo orgulho nisso, aqui copiando também o que em tantos países se faz.
Enfim, tanto mais se poderia dizer, mas aqui fica esta mensagem que, sendo já longa, pretende ser uma reflexão para convocar e provocar. Para que possamos ajudar a que os clubes, e muito particularmente, o Illiabum Clube, sejam meios agregadores e veículos de transmissão para uma sociedade melhor que deixe de lado o laxismo, que nos obrigue a intervir e ser cidadãos.
Para que o Illiabum Clube seja um clube de referência, gerido por quem tem vontade de o fazer, com dirigentes que estejam dispostos a trabalhar, também a aprender, mas, sobretudo, a fazer pelo bem de todos. Sabendo que, para isso, contam com as necessárias e devidas ajudas, mas pensando sempre na conquista da autonomia financeira ou, pelo menos, de tudo fazer para conseguir esse desiderato difícil, mas não impossível, que retire o clube desta situação lamentável que atravessa.
Bom ano de 2020 e saudações desportivas.