Poema e ilustração de Tiago Mendonça Oliveira
Hoje sinto-me só
Não por estar só
Mas por não me sentir de nada
Tenho o meu corpo
A sua forma e matéria
Apesar de pertencer a ela
De estar preso nela
Não me encontro lá
É triste e livre
Se bem que liberdade
Por ser ela forçada
De não ser nada
Angústia e dói
Inútil é o Homem
Que ao ser não está
Hoje sinto-me só
Não por estar só
Mas porque não estou
Embora eu seja
(deixo de espreitar pela janela)
Os candeeiros e as luzes das casas
Hoje não me iluminam o caminho
Nem para onde vou
Nem onde estou
(volto a encostar o meu peso no sofá, debruço o rosto sobre as mãos apoiadas nos joelhos)
Hoje sinto-me só
Não por estar só
Mas por cansaço
De não me encontrar
Nem no outro
Nem em mim
“Diabo do meu ego!”
Resta-me então dormir
Amanhã já não será hoje
Assim espero…