Maria José Santana (Diretora d'O Ilhavense)

Também por aqui, na redação d’O ILHAVENSE, registámos essa declaração do secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, de que os jornais e rádios regionais “são essenciais” para “manter viva a comunicação social”. 

Perante a comissão parlamentar conjunta de Orçamento e Finanças e da Cultura e Comunicação – no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2020 -, Nuno Artur Silva assegurou que o Governo, na generalidade, defende o apoio inequívoco à comunicação social, mas mais do que avançar com “medidas avulsas e desenquadradas do conjunto”, a aposta consistirá numa intervenção “consistente e estrutural”. 

Até aqui nada a apontar. É precisamente disso que o subsetor da comunicação social regional precisa: de uma estratégia concertada, e de médio e longo prazo. E sim. Também estamos de acordo que se olhe, e com toda a atenção, para a questão da literacia mediática. Dizia o secretário de Estado que está a ser desenvolvido trabalho no sentido de ensinar os alunos a “distinguir o que é informação credível, isenta e rigorosa de todos os mecanismos de desinformação que proliferam”.  

Essa tem de ser, indubitavelmente, uma das maiores frentes de batalha: ensinar o público a separar o trigo do joio e a selecionar as suas leituras. Leitores mais exigentes só nos ajudarão a aumentar o nosso nível de qualidade, reduzindo o impacto desses tais “mecanismos de desinformação que proliferam”. Mas isso leva tempo, demasiado tempo para um sector que está sob ameaça e no qual a regulação parece ter, por vezes, dois pesos e duas medidas. 

A notícia, conhecida esta semana, de que há sites de desinformação registados como publicações periódicas pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) deve merecer uma profunda reflexão. Assim como uns quantos exemplos mais que pululam à nossa volta. Será aceitável que páginas de facebook, blogues ou outras plataformas, possam continuar a divulgar conteúdos informativos, sem estarem sujeitas a qualquer registo oficial ou carta de princípios?

Esta redação a partir da qual vos escrevo tem dois jornalistas com carteira profissional (título que têm de pagar e renovar a cada dois anos) e que se regem por um código deontológico. E este jornal que acaba de lhe chegar às mãos também está inscrito da ERC, sujeito ao cumprimento de uns quantos requisitos legais. Nada contra. Só não se entende é que não haja o mesmo tipo de exigência aos sites e páginas de facebook que pretensamente dão informação local. Concorrência é bem-vinda, mas em igualdade de circunstâncias. É por esta razão, e umas quantas mais, que preferimos esperar para ver, deixando para mais tarde uma eventual reação à declaração do secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Média. É um bom princípio reconhecer que a comunicação social regional é essencial, mas a verdade é que o subsector precisa de mais do que isso. E o aviso vale tanto para o governo como para o tecido empresarial e a sociedade civil.

Toda a gente gosta de ler as notícias da sua rua, do seu bairro e da sua cidade, mas nem todos terão consciência dos esforços que são necessários para trabalhar a informação de proximidade. 

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