À hora a que lhe escrevo este texto, foi conhecido o primeiro caso de uma vítima mortal por Covid-19 no nosso município. Uma vida que se perde neste combate que está a exigir tanto de todos nós e que teima em não dar tréguas – mais pormenores na edição online. São tempos difíceis, como lhe escrevia na última edição, e a batalha adivinha-se dura. Em especial para os que estão na linha da frente: os profissionais de saúde e os cuidadores. A nós, só nos é pedido para cumprir as orientações das autoridades de saúde, ficar em casa e respeitar o distanciamento social. É difícil, sabemos disso, mas é a única forma de chegarmos lá.
A nossa foto de capa acaba por retratar precisamente aquela que é a nossa maior inquietude neste momento: todos os avisos e esforços para protegermos os mais velhos ainda não foram suficientes. Temos consciência do quão prejudicial e difícil pode ser a solidão, mas há boas ajudas ao alcance de todos. Use e abuse do telefone para falar com familiares e amigos ou recorra às linhas telefónicas de apoio já disponibilizadas pela Câmara Municipal de Ílhavo e pela Junta de Freguesia de São Salvador.
Têm vindo a surgir cada vez mais iniciativas e grupos de apoio no nosso município, conforme lhe damos nota nas páginas desta edição. O grupo Jovens em Campo (ligado à Paróquia de São Salvador) é um desses exemplos e já está no terreno a prestar assistência e proteção aos idosos e angariar material de proteção para os que prestam cuidados de saúde. Destaque também para todos os voluntários que começam a responder aos pedidos avançados pelas entidades locais, bem como para os cidadãos ilhavenses que estão empenhados na impressão e entrega de viseiras de proteção aos profissionais de saúde e de socorro.
Alguém escrevia no outro dia que não vamos ser os mesmos depois da pandemia da Covid-19. Certamente que não. As marcas desta crise serão indeléveis. E para melhor, quero acreditar. Será difícil quebrar esta onda de solidariedade, de afetos e de resiliência que este momento de profunda crise tem vindo a gerar. Ainda é cedo para pensar no pós-crise, mas é a esperança num mundo melhor que nos ajuda a resgatar forças onde achávamos que elas já não existiam.
É o que temos feito por aqui, n’O Ilhavense, acreditar que #vaificartudobem. Há um ano, exatamente por esta altura, estávamos a dar início a uma luta que nos parecia gigantesca: ajudar o jornal a renascer depois de vários meses de interregno. Um ano depois, surge esta grande barreira no nosso caminho. Conseguiremos? Vamos acreditar que sim, fazendo votos de que os apelos que têm vindo a ser lançados por algumas associações que representam a comunicação social local sejam ouvidos.
Vai ficar tudo bem.